SIC: Na opinião da S&P, é possível cumprir as metas estabelecidas para o Orçamento português do próximo ano, nomeadamente, o défice de 4% do PIB?
Eileen Zhang - S&P: Consideramos a meta de 4% para 2014 uma meta possível, mas há vários riscos associados a este objetivo, incluindo o risco de um pior desempenho económico, algumas das medidas serem rejeitadas pelo Tribunal Constitucional e o ressurgimento de instabilidade política devido às medidas adicionais que será necessário implementar. Atualmente, a nossa previsão é que o défice orçamental rondará os 4,5% do PIB, em 2014, ou seja, ligeiramente acima da meta dos 4%.
SIC: O que pensa do caminho seguido pelo Governo português, em termos de consolidação orçamental, e quais são os aspetos mais positivos e negativos?
Eileen Zhang - S&P: O Governo português já fez um ajuste orçamental considerável, numa economia muito frágil. Porém, a distribuição entre medidas das receitas e medidas do lado das despesas parece ser diferente do originalmente planeado no programa EU/FMI. Isto deve-se, em parte, às várias decisões do Tribunal Constitucional que limitam as opções do Governo no que toca ao corte de despesas, em particular nos salários do setor público.
SIC: Portugal vai precisar de um segundo resgate, no próximo ano? Se sim, ou não, explique a vossa posição.
Eileen Zhang - S&P: Acreditamos que Portugal vá precisar de mais ajuda financeira da EU, mas poderá não se tratar de outro programa completo. A nosso ver, o principal fator é ver se a economia começa a recuperar em 2014 e se o nível de dívida geral do Governo começou a descer, tal como projetado pela última avaliação da EU/FMI.
SIC: A S&P vai, de alguma forma, rever a sua posição em relação à dívida pública portuguesa?
Eileen Zhang - S&P: Como foi dito no nosso último comunicado à imprensa, é provável que venhamos a rever o rating de Portugal nos próximos meses.
Luís Manso, Jornalista SIC