O velório de Aurélio Pereira decorre esta quinta-feira. Para além da família, os presidentes da República e do Sporting juntaram-se a diversas personalidades do futebol para homenagear o homem que mais talento descobriu no futebol português.
As despedidas trazem saudades e as saudades desafiam a memória, com histórias e revelações.
"Ele vivia ali ao pé do Jardim das Conchas, no Lumiar, onde há relvados onde há sempre muitos miúdos a jogar e ele parava sempre ali e conseguiu levar três miúdos para os juvenis do Sporting que nessa semana inscreveram-se e foram à Luz ganhar 3-0 ao Benfica", revelou Carlos Pereira.
"Teve alguns convites de adversários, mas nunca quis aceitar", disse ainda o irmão de Aurélio Pereira.
"Não só o Sporting, mas todo o futebol português desenvolveu-se de outra maneira a partir do Aurélio. Dezenas de internacionais portugueses falam do trabalho que o Aurélio deixa, não só ao Sporting, mas também ao desporto nacional", disse Francisco Varandas, atual presidente do Sporting.
"Olheiros há muitos, mas ele era mais que um olheiro. Ele era um educador, um formador (…)", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.
Com o desaparecimento de Aurélio Pereira desaparece um talento único para descobrir talento.
"Agora o scouting é uma ciência muito complicada e ele era a ciência mais simples que ele conhecia. Desde ontem que me lembro do humor que ele tinha quando eu às vezes recomendava alguma pessoa para ele ver na academia e ele no fim me dizia 'doutor tem uns pés muito bons para escrever à máquina'", partilhou José Dias Ferreira, ex-dirigente do Sporting.
"O que é que ele via que eu às vezes não via?", começou por questionar Augusto Inácio ex-treinador do Sporting.
"Numa idade precoce ninguém vai adivinhar que pode sair dali um talento (…) há coisas que têm de ser apuradas e só ele sabia fazer, por isso é que ele descobria os talentos mais cedo", acrescentou.
"Fui fazer um torneio a Évora, tinha 13 anos, e o senhor Aurélio veio falar comigo para ir para o Sporting", contou João Vieira Pinto, antigo jogador do Sporting, que disse ainda que foi Aurélio Pereira quem convidou o seu filho para também jogar no Sporting.
Esteve sempre atento durante mais de quatro décadas como coordenador do departamento de formação do Sporting. Um trabalho feito de forma discreta que deu visibilidade ao futebol português.
"Foi um pai desportivo para dezenas de jogadores (…) Foi um homem excecional", disse ainda o Presidente da República.
A Igreja de São João Baptista no Lumiar encheu-se de respeito por uma das poucas figuras consensuais no futebol português.
Esta quinta-feira as cerimónias fúnebres de Aurélio Pereira terminam no cemitério dos Olivais às 15:00, antes passam pelo Estádio José Alvalade.