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Pichardo mantém-se empenhado em representar Portugal: "É a maior bandeira que temos"

O atleta de 31 anos não aceitou o processo de filiação na plataforma federativa no ano passado e notificou na segunda-feira o Benfica e a Federação Portuguesa de Atletismo do seu pedido de rescisão unilateral com as 'águias'.

Cameron Spencer

SIC Notícias

Pedro Pablo Pichardo, campeão olímpico do triplo salto em Tóquio 2020 e 'vice' em Paris 2024, continua empenhado em representar Portugal, apesar da desvinculação unilateral com o Benfica, assegurou esta sexta-feira o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA).

"O Pedro Pichardo é a bandeira maior que temos como atleta medalhado neste momento. Fiquei extremamente satisfeito quando me disse que tem como grande objetivo ganhar a medalha de ouro nos próximos Mundiais de Tóquio, porque demonstra estar empenhado em ter um grande resultado", revelou Domingos Castro, em declarações à agência Lusa.

Quatro dias depois de ter anunciado a rescisão do contrato com o Benfica, que vigorava desde 2017 e até aos Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles, alegando "divergências irreconciliáveis", o luso-cubano esteve reunido com o presidente da FPA na sede do organismo, em Oeiras.

"Foi uma reunião muito agradável, na qual ficou claro que o Pedro continua empenhado em representar Portugal e tem como grande objetivo para este ano os Campeonatos do Mundo. Ele quis que ficasse bem claro que tem sido bem tratado em Portugal e que, por isso, o nosso país contará consigo ao mais alto nível nas grandes competições", vincou.

Antes do pedido de desvinculação, Pichardo já tinha solicitado uma reunião com o Comité Olímpico de Portugal (COP), que vai decorrer em 24 de janeiro e, de acordo com Domingos Castro, serve para reforçar a mensagem deixada esta tarde pelo atleta à FPA.

"A FPA é alheia a este assunto particular entre o Pichardo e o Benfica. Transmiti-lhe que fiquei triste por saber que não representaria um clube nacional como o Benfica, mas só eles sabem os porquês. Este caso ultrapassa a FPA, mas o Pedro vai empenhar-se ao máximo por Portugal", direcionou o sucessor de Jorge Vieira, empossado há dois meses.

Ano cheio de provas

Além da presença prevista nos Mundiais ao ar livre, em Tóquio, de 13 a 21 de setembro, visando a repetição do ouro alcançado no concurso do triplo salto em Eugene2022 - não participou em Budapeste2023, por lesão -, Pedro Pichardo sinalizou a Domingos Castro vontade em estar nos Nacionais, podendo competir como individual ou por algum clube.

O calendário internacional contempla ainda os Europeus em pista coberta, em Apeldoorn, nos Países Baixos, de 06 a 09 de março, e os Mundiais 'indoor', em Nanjiing, na China, entre 21 e 23 do mesmo mês, tal como as 15 etapas da Liga Diamante, de abril a agosto.

"O Pedro tem de estar obrigatoriamente filiado na FPA para competir. Caso contrário, não consegue. Seja qual for a situação, terá sempre de se filiar primeiro na associação onde está, que penso ser Setúbal. Depois, mediante os trâmites normais, [a inscrição] passará para a FPA e, a partir daí, fica completamente legal para competir seja onde for", referiu.

Questionado sobre a possibilidade de Pedro Pichardo representar outro clube nacional, o líder federativo respondeu que "isso já só depende dele, mas não revelou se sim ou não".

"Deixo uma palavra de gratidão ao município de Setúbal [onde treina], que vai continuar a apoiá-lo. Isso é muito bom, mas creio que um atleta daquele nível queira provavelmente fazer estágios fora do país. Só ele o sabe, mas vai continuar a contar com o nosso apoio para que esteja estável e concentrado naquilo que está a pôr nos seus planos", apontou.

Domingos Castro ficou surpreendido pela rescisão do luso-cubano, cujo diferendo com a diretora do projeto olímpico e do atletismo do Benfica, Ana Oliveira, tinha sido tornado público depois da revalidação do troféu continental de pista coberta, em Istambul2023.

"Apelei a certa altura ao Benfica para que não o deixasse sair e falei com o próprio Pedro. Eu pensei que o assunto já estivesse ultrapassado, mas parece que não. Desconheço as condições dos contratos que havia entre as partes e espero bem que isto fique resolvido rapidamente para o bem de todos. Estamos cá para colaborar. Vamos ajudar o atleta no que precisar e estamos disponíveis para aquilo que o Benfica achar que a FPA será útil", finalizou.

O litigio com o Benfica

Com 13 medalhas internacionais e nove títulos desde a chegada a Portugal, Pichardo, de 31 anos, não aceitou o processo de filiação na plataforma federativa em 2024 e notificou na segunda-feira o Benfica e a FPA do seu pedido de rescisão unilateral com as 'águias', afirmando que levaria o assunto às instâncias competentes.

Horas depois, o clube revelou ter instaurado um processo disciplinar ao triplista em 3 de janeiro com vista ao seu despedimento, por ter faltado "a exames médicos para os quais estava convocado" depois dos Jogos Olímpicos Paris2024 e "recusado a inscrição na plataforma de atletas" da FPA, "apesar de ter sido por diversas vezes solicitado para tal".


Com LUSA

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