O treinador André Villas-Boas admitiu esta terça-feira que o apoio sentido por sócios e adeptos do FC Porto praticamente o obrigam a candidatar-se à presidência do clube, fazendo depender essa "formalidade" da garantia de qualidade de programa e equipa.
"Não posso ficar indiferente ao apoio que sinto. Provavelmente, apresentar uma candidatura é quase uma formalidade. Eu apenas quero dar passos seguros, fortes, criteriosos e transparentes, suportados em equipas de rigor, de alto nível e alta credibilidade, porque é o que o FC Porto merece", afirmou Villas-Boas, na Web Summit, em Lisboa.
O treinador de futebol, de 46 anos, foi um dos protagonistas de uma conferência dedicada a Inteligência Artificial, na cimeira tecnológica lisboeta, um dia depois de uma conturbada Assembleia Geral extraordinária dos 'dragões'.
André Villas-Boas, ex-treinador e potencial candidato às próximas eleições do FC Porto, esteve na reunião magna, que mudou de local de realização devido à adesão dos sócios 'azuis e brancos' e foi suspensa após relatos de agressões, para ser retomada na próxima segunda-feira.
Apesar de se perfilar como possível candidato, Villas-Boas nunca esclareceu, em declarações aos jornalistas na Web Summit, se o fará no ato eleitoral previsto para 2024: "Quando tiver todas as equipas montadas, um programa eleitoral digno do que merece uma instituição como o FC Porto, apresentar-me-ei com a minha lista e a minha candidatura".
O também antigo treinador de Académica, Chelsea, Tottenham, Zenit São Petersburgo, Shangai SIPG e Marselha lamentou os incidentes ocorridos na segunda-feira, considerando-os um desaire para os portistas.
"Não é tempo de anúncio ou não de candidatura. Falo-vos enquanto associado do FC Porto, confrontado com o que vi ontem [segunda-feira] , com o sentimento de vergonha pelo clube. Sem discutir potenciais candidaturas ou não. O que se passou ontem foi uma derrota para o FC Porto", vincou.
Villas-Boas pede investigação
Sobre os incidentes, na noite desta segunda-feira, Villas-Boas fez um pedido. "Peço às autoridades, ao Ministério Público, ao Ministério da Administração Interna, ao IPDJ e ao secretário de Estado do Desporto que solicitem com urgência o acesso às imagens das câmaras de videovigilância do estádio e do Dragão Arena e procedam a uma investigação dos atos bárbaros que se passaram", disse.
O técnico, potencial candidato à presidência do clube, considerou lamentáveis os acontecimentos, que acabaram por motivar o adiamento da AG, e classificou-os como "uma derrota interna dos órgãos sociais do FC Porto, que assistiriam impávidos e serenos a agressões e intimidações múltiplas de uma guarda pretoriana aos associados".
"As imagens que vimos de um miúdo com 19 anos, ao qual provavelmente é retirado um direito de voto, em choro e envergonhado com o seu clube, são o reflexo de uma situação que estamos a viver: reféns de uma guarda pretoriana que persiste em intimidar alguns sócios que querem exercer o seu direito de ser livres", disse.
Villas-Boas considerou que a desorganização logística "foi evidente" e criticou José Lourenço Pinto, presidente da mesa da AG: "Cabia-lhe chamar as autoridades para estarem presentes no Dragão Arena, decidiu não o fazer, mas decidiu, finalmente, por termo à AG quando alguns sócios foram vítimas de agressão uma segunda vez".
O FC Porto é liderado há 41 anos por Pinto da Costa, que foi eleito pela primeira vez para a presidência do clube em 17 de abril de 1982.Pinto da Costa foi eleito para o seu 15.º mandato em 07 de junho de 2020, nas primeiras eleições desde 1991 com mais do que uma candidatura.