Jenni Hermoso, jogadora da seleção espanhola, foi eleita a “Mulher do Ano” pela revista GQ. Em entrevista à revista comentou o beijo polémico e não consentido de Luis Rubiales, antigo presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), nas celebrações da conquista do primeiro campeonato no mundo feminino, na Austrália.
A internacional espanhola revelou que recebeu ameaças depois do episódio na final do campeonato do mundo, admitindo que o caso fez com que procurasse ajuda psicológica.
“Tive de assumir as consequências de um ato que não provoquei, que não escolhi nem premeditei. Até recebi ameaças, e isso é algo a que nunca nos habituamos", conta.
Depois da Federação espanhola exigir a demissão de Rubiales, Hermoso surgiu como o rosto da revolução no futebol, mas também como um ponto de referência feminista no movimento #SeAcabó.
"Com tudo aquilo que aconteceu, penso que muitas de nós ficaram mais conscientes do que a palavra “'feminismo' realmente significa. No futebol, disseram que estávamos a fazer um capricho. Sempre se disse que queríamos receber o mesmo que os rapazes e isso não era verdade. Fico muito zangada quando as pessoas dizem que o futebol feminino não gera tanto dinheiro como o futebol masculino. É óbvio que sabemos isso e nunca pedimos para ser pagas como eles. Só queríamos o básico: ter um salário mínimo, ser respeitadas e ter a oportunidade de fazer algo muito grande”, reiterou
Jenni Hermoso termina a entrevista referindo que gostava de ser lembrada como uma pessoa que quis deixar a Espanha no topo, mas, “sobretudo, como alguém que tentou mudar muitas mentalidades”.
“Felizmente ou infelizmente, existe esta história [polémica do beijo], mas vou aprender a usá-la de forma positiva para lutar por aquilo que acredito. O movimento #SeAcabó deve trazer uma nova era. Nestes últimos meses, com tudo o que aconteceu, a minha cabeça deixou de se focar no futebol. Por vezes, nem me lembrava que era futebolista, mas estou de volta e quero dar o meu melhor. Na corrida para os Jogos Olímpicos, na minha equipa no México e na seleção”, garante.
Em outubro, o Comité Disciplinar da FIFA baniu Luis Rubiales, antigo presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), de exercer qualquer atividade ligada ao mundo do futebol durante três anos.