O caso apanhou, esta semana, tudo e todos de surpresa. A justiça francesa abriu um inquérito ao atual treinador do Paris Saint-Germain (PSG) por suspeitas de "discriminação racial e religiosa", quando orientava o Nice. Aliás, a acusação partiu precisamente do antigo dirigente do Nice, Julien Fournier.
Segundo o procurador do Ministério Público (MP) da cidade, Xavier Bonhomme, as investigações estão a ser feitas pela polícia, estando a decorrer buscas nas instalações do Nice, clube que Galtier orientou na época passada, antes de se transferir para o PSG, no qual alinham os portugueses Danilo, Nuno Mendes, Renato Sanches e Vitinha.
Numa carta divulgada, esta terça-feira, por vários órgãos de comunicação social, o antigo dirigente do Nice Julien Fournier acusou Galtier de ter dirigido palavras discriminatórias aos futebolistas do Nice, durante o período em que orientou o clube.
Segundo Fournier, o treinador ter-lhe-á dito, entre outras coisas, que a equipa do Nice "não poderia ter tantos negros e muçulmanos" e manifestou o desejo de querer limitar "ao mínimo possível o número de jogadores muçulmanos".
Entretanto, o atual treinador do PSG, Christophe Galtier, rejeitou as acusações, e revelou ter recorrido de imediato ao seu advogado "para iniciar, sem demora, os procedimentos legais necessários" para as contrariar.
Galtier está “chocado”
O treinador do PSG mostrou-se "profundamente chocado" com as suspeitas de discriminação racial e religiosa pelas quais está a ser investigado e já recebeu o "apoio total" do clube parisiense de futebol.
"Estou profundamente chocado com as afirmações que me foram atribuídas, e que foram proferidas, por alguns, de forma irresponsável. Isto atinge a minha dignidade", afirmou o técnico, na conferência de imprensa de antevisão do encontro com o Lens, da 31.ª jornada da Liga francesa de futebol.
Galtier, de 56 anos, disse ser "originário de um bairro de classe baixa, habituado à diversidade racial e educado no respeito pelos outros, independentemente da sua origem, cor ou religião", acrescentando: "Toda a minha vida tem sido orientada pelo respeito pelos outros, não posso aceitar que o meu nome e o da minha família sejam manchados desta forma".
Entretanto, o PSG, clube no qual alinham os portugueses Danilo, Nuno Mendes, Renato Sanches e Vitinha, já se solidarizou com o técnico, que soube hoje que estava a ser alvo de uma investigação por suspeitas de “discriminação racial e religiosa”.
"O clube apoia Christophe Galtier e quer que a verdade seja apurada pela justiça", disse o assessor de imprensa do Paris Saint-Germain, pouco antes de o técnico falar.