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Wilfried Zaha admite ter medo de abrir o Instagram por causa de mensagens racistas

Um rapaz de 12 anos foi detido no início de julho por ameaças racistas a Zaha, jogador do Crystal Palace.

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SIC Notícias

No início de julho, um rapaz de 12 anos foi detido depois de ter enviado mensagens racistas ao futebolista costa-marfinense Wilfried Zaha, através do Instagram.

Foi o próprio jogador que revelou que tinha recebido as ameaças e admite agora, em entrevista à CNN, que tem receio de abrir o Instagram com medo da quantidade de mensagens racistas que recebe.

"Para os jogadores negros estar no Instragram deixou de ser divertido. (...) Eu tenho medo de consultar as mensagens que recebo. Podem conter qualquer coisa", disse o jogador à CNN.

Para além do receio do Instagram, Zaha admite também que deixou de ter o Twitter instalado no telemóvel.

"Eu já nem tenho o Twitter instalado porque é quase certo que vou receber algum tipo de abuso, principalmente depois de jogos. Isso acontece de forma muito livre", explica Zaha.

Na última semana, tanto o Facebook como o Instagram anunciaram que iriam passar a ter um equipa para combater o racismo em cada uma das plataformas e perceber se existe alguma tendência racial nos algoritmos. À CNN um porta-voz do Facebook disse que o racismo não é tolerado em nenhuma das duas plataformas.

"Quando encontramos um conteúdo que infrinja as diretrizes da empresa, removemos e banimos quem viola as regras repetidamente. Levamos essa questão muito a sério e investimos mais de mil milhões de dólares em pessoas e tecnologia para remover conteúdo racista em grande escala", explica.


O porta-voz adianta ainda que durante o mês passado instalaram um mecânismo que permite às figuras públicas impedir que, pessoas que não conhecem, enviem mensagens privadas.

O Facebook garante que está a trabalhar em colaboração com clubes, jogadores e organizações antirracismo. E o Twitter explicou à CNN que já "suspendeu quase 300 contas e tomou medidas em cerca de 6.000 exemplos de abuso".

Apesar de todas as medidas que estão a ser tomadas, Zaha questiona a eficácia das estratégias tomadas.

"O que acontece depois da conta ser bloqueada? Criam um nova a seguir. Já tentei bloquear imensas pessoas no Instagram, procurei a opção de abuso racial, mas não a encontrei", conta o futebolista.


Zaha tem lidado com este tipo de mensagens ao longo da carreira, mas conta que não é o único. O jogador do Cristal Palace conta que o rapaz de 12 anos, que lhe enviou mensagens racistas, também as enviou a outros colegas.

"O rapaz de 12 anos também entrou em contacto com outros três jogadores. Enviou-lhes mensagens racistas na mesma altura que enviou para mim. Isto não está certo. Quando denunciei esta conta, também fiz queixa de cerca de 50 outras que já tinham feito o mesmo", explica.

Com o crescimento das redes sociais e a visibilidade que elas dão, Zaha acredita que estes acontecimentos vão se tornar cada vez mais frequentes. E o que ele sente é que as empresas, como o Facebook e o Twitter, colocam a responsabilidade dos abusos nos jogadores negros e não nos verdadeiros culpados.

"Por que é que essas pessoas não são processadas pelo que dizem contra nós?", questiona.


Porém, para o jogador, o maior fator de preocupação é a idade das pessoas que praticam este tipo de abuso.

"É triste. É triste, a sério, como é que uma criança de 12 anos pensa assim? De onde vem este ódio? Desde os 12 anos? Não faz sentido."

Premier League implementa sistema de proteção para os futebolistas

Zaha recebeu as mensagens do rapaz de 12 anos poucos dias depois de a Premier League ter posto em marcha um sistema de proteção para os futebolistas e os seus familiares para quando recebam insultos e ameaças através das redes sociais.

O clube a que pertence mostrou solidariedade para com Zaha e para com todos os que sofrem este género de abusos.

"Isto é uma desgraça absoluta e não devia acontecer. Estamos contigo, Wilf, e com qualquer um que tenha de sofrer um abuso deste género", lançou em comunicado o Crystal Palace.

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