Cultura

Não colocar quadro de Domingos Sequeira como Interesse Nacional foi "negligência"

Domingos Sequeira pintou este quadro, "Descida da Cruz", em 1827 em Roma, como uma das partes de uma série de quatro obras. Uma delas está no Museu Nacional de Arte Antiga.

André Pacheco

Apesar de existir um parecer negativo ao pedido de venda, o Governo português diz estar a fazer o possível, para comprar um dos quadros mais importantes de Domingos Sequeira, que está em Madrid. Trata-se de uma obra-prima de um dos mestres de desenho e pintura mais reconhecidos na história da arte Portuguesa.

Domingos Sequeira pintou este "Descida da Cruz" em 1827 em Roma, como uma das partes de uma série de quatro obras. Uma delas está no Museu Nacional de Arte Antiga.

Em 2015, a "Adoração dos Magos" de Domingos Sequeira, foi protagonista de uma campanha nacional de angariação de fundos, que permitiu que o quadro fosse adquirido por cerca de 600 mil €.

Um testemunho do interesse nacional nas obras do pintor, que foi defendido pelo atual diretor do Museu Nacional de Arte Antiga, a 14 de novembro do ano passado, quando emitiu um parecer negativo a um pedido "exportação temporária para eventual venda" da obra por considerar que o quadro devia ser classificado como bem de Interesse Nacional, algo que teria impedido a saída da obra do país.

Um parecer recusado, na altura, pela Direção Geral do Património Cultural que autorizou a saída do quadro para Espanha.

“Erros são erros, não precisam de justificações. E aquilo que é importante é redirecionar e colocar a questão onde ela deve ser tratada, que é na Museus de Portugal”, afirma o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.

Uma nova entidade pública empresarial que o Governo garante que já está a falar com os proprietários sobre as condições de compra da “Descida da Cruz”, em resposta a uma carta aberta de vários especialistas em património, indignados com a exportação do quadro.

“Eu penso que houve uma negligência no processo, que não é dolosa, mas que foi negligência. Não foi por acaso que a DGPC foi extinta e foi separada em dois novos organismos, porque há muito se sentia a necessidade disso. Eu estou agora com esperança que termine bem e que no final todos acabaremos a rirmo-nos deste processo”, diz o diretor do Museu Calouste Gulbenkian, António Filipe Pimentel.

A SIC tentou falar com o antigo diretor da Direção Geral do Património mas João Carlos dos Santos, não respondeu ao pedido de entrevista.

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