Cultura

Sessão de Cinema: “Frankenweenie”

No universo do cinema de terror, o trabalho de Tim Burton supera todos os clichés — e não é estranho a um fortíssimo impulso poético.

"Frankenweenie": no mundo poético da animação em "stop motion"

João Lopes

É habitual considerar-se que o chamado género de terror existe como um universo de filmes que devem obedecer a temas e efeitos mais ou menos consagrados, repetidos de modo mais ou menos criativo. Se essa é a regra, então convém não esquecer que há uma ou outra excepção: “Frankenweenie” (2012), de Tim Burton, é uma delas e, por certo, das mais fulgurantes.

Na verdade, para Burton, qualquer clima de inquietação e medo não é estranho a um fortíssimo impulso poético. Assim, esta é a história de uma criança que, um dia, num acidente, perde o seu querido Sparky, um “bull terrier” que era o seu maior amigo… De tal modo que ele acredita que é possível devolvê-lo à vida — para que não restem dúvidas, a criança chama-se Victor Frankenstein!

Estamos, de facto, perante uma variação do mito de Frankenstein, habitado pelo desejo radical de vencer o irreversível da morte. Mais do que isso: “Frankenweenie” inscreveu-se na história dos filmes como um objecto genuinamente revolucionário, com a imagens a preto e branco e protagonizado por bonequinhos animados, movidos pela técnica de “stop motion”.

Importa lembrar que esta longa-metragem é uma variação (é caso para dizer: uma ampliação) de um outro filme de Burton, com 29 minutos de duração, também intitulado “Frankenweenie”, rodado em 1984 e com actores humanos. Como todos os grandes criadores, Burton é também detentor de um universo de muitas invenções e variações — a sua criatividade não se repete, mas sabe reconverter e reimaginar os temas que definem esse universo.

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