Cultura

Carnaval por todo o país: o samba e a sátira "que ninguém leva a mal"

Do Porto a Loulé, da tradição às modas mais modernas. Este domingo, os corsos de carnaval desfilaram em várias cidades do país. Foi a primeira vez desde da pandemia que foi possível voltar às ruas.

PAULO NOVAIS

SIC Notícias

As celebrações de carnaval começaram este domingo. Por todo o país, a festa saiu às ruas, depois de dois anos de interrupção. Do Porto a Loulé, passando por Torres Vedras, a animação – e a sátira – marcaram as corsos de carnaval.

Torres Vedras

Em Torres Vedras, milhares de pessoas assistiram ao tradicional corso de Carnaval. Matrafonas, cabeçudos, carros alegóricos e associações carnavalescas, todos fazem a festa no ano em que se festeja o centenário do Carnaval.

Depois de dois anos nos bastidores, os torrienses e os que visitam a terra por este dias, voltam a desfilar pelas ruas. A festa continua esta segunda-feira à noite, com o corso trapalhão e o concurso de matrafonas.

Sesimbra

Em Sesimbra, o dia começou cedo para os elementos desta escola de samba: a maquilhagem começou a ser feita às 07:00 para estar tudo pronto à hora do desfile.

Na avenida, milhares de pessoas estavam à espera para ver de perto o resultado de um trabalho de meses. As seis escolas de samba e mais de 1.200 figurantes encheram as ruas de cor e alegria.

Nos próximos dias, a festa vai continuar, por exemplo, com o habitual desfile de palhaços – que, este ano, deverá contar com cerca de 3.000 mascarados.

Mealhada

As ruas da Mealhada tiveram, este domingo, uma grande enchente para o desfile de Carnaval. Os ritmos do samba marcaram a tarde.

Eram muitas as saudades da festa. Tantas que quase faltou lugar para todos os que passaram pela Mealhada. Três anos depois, as escolas de samba voltaram a sair à rua em tempo de Carnaval.

Esta segunda-feira é dia de desfile noturno e, na terça-feira, o corso carnavalesco volta a percorrer as ruas da cidade.

Porto e Ovar

As cidades do Porto e de Ovar voltaram também a celebrar o Carnaval: milhares de pessoas vestiram-se a rigor e desfilaram pelas ruas. Cai a mascara da covid-19, sai à rua a mascara do carnaval em Ovar. A pandemia acabou, mas há quem tenha perdido a noção do tempo.

Ao todo desfilaram pelas ruas de Ovar 4.000 participantes, quatro escolas de samba e 20 grupos carnavalescos. A edição deste ano Carnaval de Ovar custou 650 mil euros e é a primeira vez na história que vende bilhetes na Internet. Na terça-feira são esperadas 300 mil pessoas.

A norte a festa continua. No Porto os brasileiros abraçaram Portugal. A batucada radical fez pela 12ª vez, num desfile que juntou milhares de pessoas e máscaras insólitas.

Entre a rua do Heroísmo e a praça da Alegria desfilaram entre 15 e 20 mil pessoas.

Loulé

Em Loulé, alguns chuviscos ainda ameaçaram esfriar o desfile, mas quando chegou a hora, o sol apareceu. Milhares de pessoas assistiram ao primeiro de três dias de festa. Uns pela sátira, outros pelo samba.

Quem vê de fora imagina que seja difícil sambar e desfilar. O carnaval de Loulé afirma-se como o mais antigo carnaval do país, mas há muito que se rendeu ao samba. Aos 117 anos, o corso de Loulé diz que a receita é meia dose de modernice e outra meia de alfinetadas

Se há quem goste de música, há quem aprecie mais a sátira politica. Da troca de pastas no ministério da Saúde, à guerra na Ucrânia, com Putin na mira. Das mudanças no Reino Unido às do Brasil – com a saída de Bolsonaro e o regresso de Lula

A maior parte dos 600 figurantes, começou a preparar o desfile há semanas. Além da sátira, Loulé quis promover no carnaval, a candidatura a geoparque da UNESCO e trouxe para o desfile o património geológico.

Estarreja

Em Estarreja, cerca de 12.000 pessoas assistiram a um corso cheio de samba e humor. Mais de 1.000 figurantes arrancaram aplausos e fizeram sorrir a multidão.

As influências brasileiras são muito apreciadas: as quatro escolas de samba marcaram a cadência e os sete grupos de folia espalharam a boa disposição, numa tarde aconchegada pelo bom tempo.

A “ganadaria da república” provocou muitas gargalhadas com a sátira política a dar corpo a um parlamento transformado em arena de touros. Satirizado foi também o turismo, num corso desfile cheio de criatividade.

O espetáculo volta à cena na próxima terça-feira.

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