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“Era óbvio que este não era o Bruce que eu me recordava”: preocupações com estado de saúde do ator existiam há vários anos

Bruce Willis foi diagnosticado com afasia, doença que o obrigou a deixar a representação.

Bruce Willis vai colocar um ponto final na carreira de ator após ter sido diagnosticado com afasia, mas o estado de saúde do ator já preocupava há algum tempo os produtores e diretores com quem trabalhou nos últimos anos.

Os vários colegas, entrevistados pelo Los Angeles Times, recordam Willis em esforço para se recordar das falas, com uma expressão desorientada constante, com a necessidade de dias de trabalho mais curtos e há ainda relatos de alguns problemas no manuseamento de armas.

“Depois do primeiro dia de trabalho com o Bruce percebi que havia um problema maior em jogo. (…) Pediram-me para encurtar as falas”, disse Mike Burns, diretor do filme Race Against Death, ao Los Angeles Times. Durante a rodagem do filme teve de compactar 25 páginas de falas em apenas um dia de filmagens.

Jesse Johnson, diretor do filme White Elephant, também relatou as diferenças que encontrou em Bruce Willis anos depois de terem trabalhado juntos noutros projetos: “Era óbvio que este não era o Bruce que eu me recordava”, disse.

“Somos todos fãs de Bruce Willis e não parece certo. No final de contas, foi um final triste para uma carreira incrível e isso faz-nos sentir desconfortáveis”, acrescentou.

Ao Los Angeles Times, Terri Martin, supervisor de produção de filmes, lembrou também que Bruce em certas alturas costumava dizer: “Farei o meu melhor”, concluindo que estava na altura do ator de se retirar.

Nos últimos três anos, Bruce Willis fez 21 filmes. As gravações eram limitadas a dois dias por semana e não estava previsto trabalhar mais de oito horas. No entanto, fontes que faziam a produção dos filmes alegam que rondava as quatro horas por dia. Acrescentaram também que muitas vezes as falas eram ditas ao ator através de auricular.

Sabe-se agora que Bruce Willis foi diagnosticado com afasia, doença que o obrigou a deixar a representação.

Tal como no caso de Bruce Willis, a afasia obriga a grandes mudanças a nível profissional e social, com um impacto elevado na noção de identidade, na autoestima e nas relações interpessoais e sociais, podendo por esse motivo causar depressão, limitação física e isolamento.

A gravidade e extensão da doença dependem nomeadamente da localização e da magnitude da lesão cerebral, da competência linguística anterior e da personalidade. Algumas pessoas podem confrontar-se com dificuldades em entender a linguagem e encontrar as palavras para se expressarem, outras têm tendência para falar muito, sem que se consiga compreender bem o que dizem.

No caso de Bruce Willis, sabe-se apenas que o diagnóstico da afasia é recente, mas desconhecem-se as causas e a gravidade.

O anúncio do fim da carreira do ator norte-americano, aos 67 anos, foi feito pela família nas redes sociais. 

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