Diogo Piçarra chegou a ter quase 60 mil pessoas a vê-lo, em direto no instagram. A partir de casa, o músico - que por causa da pandemia do novo coronavírus se viu obrigado a adiar um concerto na Altice Arena, em Lisboa - foi um dos que aderiu à iniciativa.
O Festival #EuFicoemCasa fez-se ao longo de seis dias e reuniu vários nomes da música nacional, mas não só (o angolano Matias Damásio foi um dos que participou). Segundo a Sony Music, mais de 2 milhões e 300 mil pessoas assistiram, através das redes sociais, a estes espetáculos: 13 por dia, num total de 78, cada um com meia hora de duração.
A iniciativa inédita juntou artistas de vários quadrantes. Em comum, o facto de estarem a ser afetados pela situação provocada pela COVID-19. Espetáculos reagendados, outros cancelados, muitos ainda a aguardarem uma luz ao fundo do túnel. O meio artístico foi dos primeiros a sofrer consequências, já que as recomendações do Governo apontavam para a não acumulação de mais de mil pessoas num mesmo espaço, fosse aberto ou fechado. Ainda antes de ser declarado o estado de emergência, muitas salas fecharam e os cancelamentos tornaram-se inevitáveis.
Para motivar os mais jovens, sobretudo, e para aconselhar a população a ficar em casa, estes quase 80 artistas deram concertos online, gratuitos, a partir de casa. Outros se seguiram com iniciativas semelhantes, músicos que não fizeram parte desta iniciativa, mas que não quiseram deixar de participar no movimento.
O Festival #EuFicoemCasa não se limitou a juntar artistas dos mais variados géneros musicais, juntou editoras e agências que não costumam trabalhar em conjunto. Segundo o comunicado que apresenta o balanço desta iniciativa, ela também serviu para "tornar visível a problemática com que o setor cultural se depara, chamando a atenção da população, dos media e consequentemente dos decisores políticos para a necessidade de olharem para as especificidades próprias desta área, numa altura em que o cancelamento e adiamento de inúmeros concertos e espetáculos em todo o País resultou numa quebra de 100% na faturação de grande parte dos intervenientes do setor, deixando artistas, músicos, técnicos, agências e várias empresas numa situação económica muito delicada."
Para os artistas é urgente regressar à normalidade... assim haja condições, em todo o País. O apelo para que todos fiquem em casa serve, também - dizem - para que se atinja essa normalidade o quanto antes. E isso só sera possível "com a responsabilidade de toda a população".