Cultura

Parvalorem e Parups confirmam notificação do tribunal e dizem confiar na justiça 

O conselho de administração da Parvalorem e  da Parups confirmou hoje, em comunicado, ter sido notificado sobre uma terceira  providência cautelar para impedir a saída da coleção Miró do país, mas afirma  "estar confiante na justiça". 

Num comunicado divulgado aos meios de comunicação social, o conselho  de administração das empresas reitera terem sido "cumpridas todas as obrigações  legais e contratuais, designadamente tendo obtido as autorizações inerentes  à conclusão deste processo". 

Na quinta-feira o Ministério Público (MP) anunciou que tinha interposto  uma terceira providência cautelar no Tribunal Administrativo de Círculo  de Lisboa (TACL), para impedir a venda das obras de Miró, e que esta tinha  sido aceite. 

Na nota à imprensa divulgada nesse dia, a Procuradoria-Geral da República  (PGR) afirmava que tinha pedido "o decretamento provisório dessa providência  cautelar, com o objetivo de evitar a amplamente noticiada saída das obras  do país até ao final do mês de abril", e que "a medida provisória foi decretada  pelo tribunal".  

Hoje, no comunicado, a Parvalorem e a Parups confirmam ter sido informadas  oficialmente da terceira providência cautelar. "Transitando este assunto, uma vez mais, para a esfera dos tribunais,  informamos que demos todas as instruções aos nossos advogados para requererem  o levantamento das medidas provisórias decretadas", adianta o comunicado  das empresas. 

O conselho de administração diz ainda no comunicado: "Nesta oportunidade,  não cumpre especular sobre a evolução ou concretização deste assunto, mas  antes manifestarmos confiança na justiça, como sempre o afirmámos". 

No domingo, o presidente da Parvalorem, Francisco Nogueira Leite tinha  afirmado à Lusa que ainda não tinha sido notificado pelo tribunal, mas já  detinha a autorização de saída da coleção que tinha sido pedida à Direção-Geral  do Património Cultural (DGPC), entidade a quem compete avaliar estes casos. A leiloeira Christies pretendia levar a coleção de Portugal para Londres  até ao final de abril para realizar o leilão em junho. 

Na justificação da terceira providência cautelar no tribunal, o MP indicava  que foi interposta "em defesa do património cultural e dos bens do Estado". Em fevereiro deste ano, o MP interpôs duas providências cautelares no  TACL sobre esta coleção de 85 obras de arte do artista catalão detida pela  Parvalorem e a Parups, sociedades anónimas de capitais públicos, criadas  em 2010 pelo Estado, para gerir os ativos e recuperar créditos do ex-Banco  Português de Negócios (BPN). 

O banco foi nacionalizado em 2008, e a coleção Miró ficou nas mãos do  Estado, e o Governo tem reiterado a decisão de vender em leilão. 

A primeira providência cautelar, interposta pelo MP no início de fevereiro,  pedindo a suspensão da venda do acervo em leilão, foi indeferida pelo mesmo  tribunal, tendo a juíza, no entanto, apontado a ilegalidade da saída das  obras do país, sem as devidas autorizações. 

Na altura, a Christie's cancelou o leilão previsto para 04 de fevereiro,  receando as implicações da decisão judicial, e remeteu novamente as obras  para Portugal, marcando novo leilão para junho. 

Poucos dias depois, o MP interpôs uma segunda providência cautelar no  TACL para suspensão das deliberações e atos referentes à alienação das obras  de Miró, mas o tribunal ainda não tomou uma decisão de fundo neste processo,  embora, segundo a Parvalorem, ter rejeitado na quinta-feira um pedido do  MP para medidas preventivas que impedissem a saída da coleção. 

O Tribunal de Contas anunciou também na quinta-feira que, nos termos  da lei, o contrato celebrado pela Parvalorem com a leiloeira Christie's,  para venda da coleção Miró, "não carece de visto prévio para ser executado".

 

Lusa

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