"Não há nada que justifique isso", afirmou sobre os gastos com estádios, durante uma visita a Israel, onde recebeu um doutoramento 'Honoris Causa' na Universidade de Telavive.
O ex-Presidente afirmou ainda que o atual governo de Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), poderá ser prejudicado nas próximas eleições, marcadas para outubro, pela insatisfação da população com os altos gastos com o evento, mas somente caso a seleção brasileira não vença o Mundial. "No caso de vitória (do Brasil), as pessoas vão esquecer isso (falhas na organização do evento)", disse Cardoso na entrevista ao diário israelense.
Rousseff é a pré-candidata do PT às eleições presidenciais, enquanto Cardoso apoia o social-democrata Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira, a sua formação política.
Movimentos sociais brasileiros têm criticado o atual Governo por gastar verbas públicas para ajudar a fazer estádios, e exigido mais investimentos em áreas como saúde, educação e transporte.
Cardoso também admitiu que, quando foi presidente (1995-2002), tentou levar para o Brasil um mundial de futebol, mas não obteve sucesso. Ele questionou, entretanto, a decisão de o país receber, em dois anos, o Mundial2014, com 12 cidades-sedes e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016). "Talvez ter simultaneamente o Mundial e a Olimpíada seja muito", afirmou.
O ex-Presidente brasileiro foi reconhecido pela Universidade de Telavive pelos seus esforços na "promoção da paz e dos direitos humanos, por sua amizade com Israel" e por ser um "intelectual, homem de Estado e respeitado líder nacional". Durante a sua estada em Israel, Fernando Henrique Cardoso foi recebido pelo Presidente israelita Shimon Peres.
Segundo o Haaretz, o ex-Presidente brasileiro afirmou que não perdeu as esperanças nas conversas entre israelenses e palestinos, na busca de um acordo de paz.
Lusa