Joaquim Agostinho foi a maior figura do ciclismo português. Desportista de eleição, que os portugueses adoravam. Idolatrado entre os seus pares, venerado no estrangeiro. Como Eusébio! Do “Tour” há centenas de histórias de “Tino” já contadas. Mas também da “Vuelta”. E, naturalmente, da Volta a Portugal. Nas páginas dos jornais de então e em livros. Depois dele, como depois do “king” (Cristiano Ronaldo já resolveu o problema e veremos quantos anos ficaremos à espera para conhecer o seu sucessor), surgiu gente qualidade. Mas ninguém como ele. Acácio da Silva, Marco Chagas, José Azevedo, Sérgio Paulinho, Nélson Oliveira ou Rui Costa foram-nos dando alegrias, mas… Por cá, também, a maior corrida de bicicletas de Portugal perdeu algum encanto. Porque os clubes também desinvestiram e se hoje a grande formação é a do FC Porto… a ela tem de ser associada a empresa W52. E no Passado era só FC Porto, Benfica, Sporting, Ginásio de Tavira, Sangalhos…
Até que, qual D. Sebastião montado numa bicicleta, entra-nos casa dentro um miúdo das Caldas das Rainha, de 22 anos, de nome João Almeida. Com ele o País renasceu para o ciclismo e vemos nele, finalmente, o novo Agostinho. Será mesmo assim? Quem sabe, quem sabe… Uma coisa certa: há hora do “Giro” lá estávamos todos colados ao ecrã. A empurrá-lo montanha acima, a dar-lhe força quando parecia desfalecer, gritando o seu nome na sala de casa com muitos vizinhos incrédulos com tanta folia… se nem sequer havia futebol aquela hora.
Sim, João Almeida perdeu a querida “maglia rosa” que foi sua por mérito, sacrifício e coragem durante 15 dias, mas para mim, para nós, para Portugal ele será sempre o miúdo que fez regressar a alegria desta modalidade única pelas suas pernas.
E até domingo há sempre a esperança de mais qualquer coisa. Mas mesmo que não se verifique (o que é o mais provável) como lhe agradecemos pelo quanto contribuiu para que o nosso orgulho esteja altivo. Como no tempo de “Tino”, o tal portuguesito, como ele, que fez as delícias dos meus tempos de adolescente.
Rúben: o guerreiro rei da montanha
O lado bom deste “Giro” é que há outro português (dizem os especialistas) diferente de João, mas duro de roer como ele: Rúben Guerreiro. Natural de Pegões, de 26 anos, e que vai trazer para casa aquilo que nunca outro, Joaquim Agostinho incluído: a vitória no Prémio da Montanha da difícil prova italiana. Quem o viu subir muitos dos assustadores picos com uma determinação de meter inveja a muitos que lá gostariam de chegar de automóvel ou moto, fica sem dúvidas: estamos em presença de mais um feito notável do Desporto luso. Quantos, muito mais cotados do que ele, gostariam no domingo, em Milão, de subir ao pódio e mostrar ao mundo como lhe assenta bem aquela camisola azul? Muitas dezenas, certamente. Rúben: o guerreiro que ganhou várias batalhas às montanhas italianas e que também traz no bolso outro feito que muitos sonham e não conseguem, a vitória numa etapa. Nas pernas dele, também, há todo um Portugal a vibrar de emoção!
FC Porto prejudicado, Benfica e Sp. Braga vitoriosos
O futebol da Liga regressa logo e prolonga-se até à noite de segunda-feira, na ressaca de uma jornada europeia, que teve duas caras. Na Champions, em Manchester, o FC Porto merecia mais, mas uma equipa de arbitragem da Letónia não deixou. E não deixou porque os dois primeiros golos dos ingleses foram tão mentirosos como eu gritar ao mundo que me saiu o Euromilhões. O que quer dizer, como digo há anos, as equipas portuguesas são tratadas como se fossem do último patamar europeu. E não é verdade. Vá lá que na Liga Europa, Benfica e Sp. Braga cumpriram com distinção. Na Polónia, frente ao Lech Poznan (mesmo com alguns desacertos defensivos), os encarnados venceram bem e tiveram em Darwin Nuñez a grande figura: sem nunca ter marcado até este jogo, não fez por menos e somos os três primeiros golos pelo emblema da Luz. No Minho, numa Pedreira com algum público, o conjunto de Carlos Carvalhal deu passo importante rumo ao apuramento batendo o AEK grego por 3-0.
Hamilton rumo ao recorde
Referência final para a F1: Portimão recebe, muitos anos depois, o Grande Prémio de Portugal. Com menos adeptos do que se desejava, pois o bicho continua a fazer cada vez mais vítimas, e em condições vamos assistir à queda de um recorde mítico: vencendo a corrida, Lewis Hamilton soma a 92.ª vitória e fica com mais uma do que o saudoso Michael Schumacher. E fica muito perto do 7.º título mundial, que é outra das marcas que o alemão ainda detém.