Europeias 2014

Conselho Europeu "sem fumo branco" mas Passos não esconde apoio a Juncker

O jantar de líderes europeus terminou sem que qualquer nome fosse avançado para a presidência da Comissão Europeia. O Presidente do Conselho Europeu, Hermam Van Rompuy, tem agora a missão de conduzir as negociações com o Parlamento Europeu para a escolha do sucessor de Barroso. Passos Coelho, no final do encontro, garantiu que ainda não há nomes escolhidos mas não escondeu que Jean Claude Juncker é o candidato que apoia.

Se Jean-Claude Juncker vai ou não ser o próximo Presidente da Comissão, ainda não há certezas. Os chefes de estado e de governo tinham prometido que nenhum nome seria anunciado esta terça-feira e cumpriram.

 

Aos jornalistas portugueses, Pedro Passos Coelho disse que “não é segredo para ninguém que a minha escolha incide sobre Jean-Claude Juncker”, recordando o apoio que o PSD deu ao candidato do Partido Popular Europeu, durante a campanha. Tendo em conta ainda os resultados das eleições, o primeiro ministro admitiu que é natural que seja em torno de Jean Claude Juncker, que se desenvolvam "os primeiros esforços para conseguir uma maioria no Parlamento.”

 

Para já a única certeza é o mandato concedido ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, para que conduza as negociações com o Parlamento Europeu. “Fui mandatado para negociar com os grupos políticos, assim que estes forem nomeados, e os seus presidentes eleitos”, disse Rompuy, em conferência de imprensa, após o jantar informal dos líderes europeus.

 

Este procedimento, sublinhou, segue o que está previsto no Tratado de Lisboa, mas admitiu ainda não ter tomado nota da carta da atual Conferência de Presidentes do PE. Os líderes dos grupos políticos do PE cessante deram hoje luz verde a Jean Claude Junker para iniciar negociações com vista a conseguir uma maioria em torno da candidatura a presidente da Comissão Europeia.

 

Nas próximas semanas, Herman Van Rompuy e os líderes dos grupos parlamentares terão de encontrar um nome que reúna apoio quer no Conselho (por maioria qualificada) quer no Parlamento (requer o voto de 50% dos eurodeputados).

 

Agenda para os próximos cinco anos

 

Os líderes europeus mandataram ainda Van Rompuy para elaborar uma agenda estratégica sobre as propriedades para o futuro da União Europeia que “será debatida em junho”.  “Irei apresentar propostas concretas”, salientou, na reunião do Conselho Europeu marcada para 26 e 27 de junho.

 

"Os eleitores enviaram uma mensagem forte e que esteve no centro das nossas discussões esta noite”, disse, sublinhando ter recebido já contributos de seis Estados-membros para a definição das prioridades, esperando a participação dos 28.

 

Em Bruxelas, Pedro Passos Coelho salientou a necessidade da promoção de crescimento económico e criação de emprego, referindo ainda como objetivos a redução da dependência energética da União Europeia.

 

Quanto à eventual possibilidade de surgir um nome “diferente” para presidir a Comissão Europeia – substituindo os atuais candidatos - Passos Coelho diz que tal “não seria um bom sinal”. O primeiro ministro até admite que essa situação seja juridicamente possível mas que “não é o caminho desejável”.

 

Passos desvaloriza aumento do eurocepticismo

 

Sobre o crescimento do peso dos movimentos de extrema-direita e partidos eurocépticos no Parlamento Europeu, Passos Coelho desvaloriza, dizendo que não se pode “extrair essa conclusão das eleições”. E acrescentou que o que aconteceu em França e no Reino Unido não se pode generalizar aos restantes estados membros.

 

“O que aconteceu em França e no Reino Unido tem uma leitura mais nacional do que europeia”, acrescentou, dizendo também que os movimentos eurocépticos não estão diretamente relacionados com as medidas de austeridade, nem com as políticas europeias.

 

A justificação está no facto de os países intervencionados, à exceção da Grécia, não terem aumentado a expressão dos partidos eurocépticos. Passos Coelho deu ainda como exemplos os países nórdicos, que não passaram por programas de austeridade, mas que ainda assim elegeram deputados da extrema-direita, que não apoiam o projeto europeu.

 

Susana Frexes

Em Bruxelas

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