Em declarações aos jornalistas à porta do Congresso, Iglesias disse compreender que Espanha deva manter relações diplomáticas com os EUA, mas criticou o telegrama de felicitações remetido por Mariano Rajoy a Trump.
O líder do Podemos rejeitou especialmente que o chefe do Governo espanhol escreva que as eleições supõem uma demonstração da vitalidade da democracia norte-americana.
"É um exemplo de servilismo que me envergonha como espanhol", afirmou.
Sublinhou que, quando o seu partido governar, manterá boas relações diplomáticas com todos os países, mas garantiu: "Não ajoelharemos a nossa pátria e muito menos perante um sem-vergonha e um fulaninho como Donald Trump".
Iglesias alertou também que, mesmo que haja sistemas de controlo e que o magnata suavize o seu discurso, o presidente dos Estados Unidos "é o mais parecido com um rei eleito" com "enormes poderes", pelo que o mundo enfrenta uma situação de "enorme incerteza geopolítica".
A vitória republicana, afirmou o dirigente do Podemos, "não é mais do que a expressão de tudo o que se fez mal nos Estados Unidos e na Europa" e, por isso, "a partir de agora há que falar claro".
Sublinhou que a alternativa ao "fascismo" que representa Trump nos Estados Unidos ou Marine Le Pen em França não puede ser a velha política, mas sim "un discurso claro que sinalize os problemas".
"Hoje, graças ao Podemos em Espanha não há qualquer força política que se assemelhe a Trump ou a Le Pen, mas o travão não pode ser o velho, os candidatos do Ibex 35, mas sim falar claro e defender uma coisa muito simples que é a base da democracia: os direitos sociais", afirmou.
Na sua opinião, "a única resposta é dizer que sem direitos sociais não há democracia e isso supõe assumir que os inimigos das pessoas são as elites financeiras e os seus lacaios".
O partido Unidos Podemos, de esquerda radical, ficou em terceiro lugar nas últimas eleições em Espanha, tendo conseguido eleger 71 dos 350 deputados do Congresso dos Deputados.
Lusa