Ébola

Obama nomeia coordenador para organizar resposta ao Ébola

O Presidente norte-americano, Barack Obama, nomeou hoje um coordenador para organizar a resposta de Washington face ao vírus do Ébola, indicou hoje uma fonte da Casa Branca, citada pela agência France Presse.

Ron Klain, um advogado que colaborou com várias administrações democratas, irá assegurar que "os esforços para proteger os americanos através da deteção, isolamento e tratamento de pacientes com Ébola no país sejam devidamente coordenados", precisou a mesma fonte.

Klain, que foi, entre outras funções, diretor de gabinete do vice-presidente Joe Biden, estará igualmente empenhado no "compromisso agressivo para travar o Ébola na origem, na África Ocidental", acrescentou o representante.

O coordenador vai reportar diretamente à conselheira de Obama em matéria de segurança interna Lisa Monaco e à conselheira do Presidente norte-americano para a Segurança Nacional Susan Rice.

A criação deste cargo pretende dar mais coerência à resposta da administração de Obama face ao vírus, questão que tem sido debatida nos últimos dias pela comunicação social norte-americana. 

Duas enfermeiras que trabalham num hospital de Dallas (Texas) ficaram infetadas com o vírus do Ébola após o contacto com Thomas Eric Duncan, um cidadão oriundo da Libéria que estava internado na unidade hospitalar e que acabaria por morrer no dia 8 de outubro.

Em Washington, numa intervenção diante do corpo diplomático estrangeiro, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, lançou um novo apelo para a mobilização mundial contra a epidemia.

Na mesma ocasião, o chefe da diplomacia norte-americana agradeceu a Cuba pela sua ajuda na luta internacional contra o vírus do Ébola.

"Temos já nações pequenas e grandes que aceleraram de forma impressionante as respetivas contribuições para a linha da frente" contra o Ébola, referiu Kerry.

"Cuba, um país com apenas 11 milhões de habitantes, enviou 165 profissionais de saúde e prevê enviar mais cerca 300", sublinhou o secretário de Estado.

Havana e Washington não têm relações diplomáticas oficiais desde 1961 e é muito raro a administração norte-americana fazer este tipo de apreciação. Em 1962, os Estados Unidos impuseram um embargo económico a Cuba.

Ainda na intervenção em Washington, Kerry agradeceu a outros países, como foi o caso de França, pela contribuição de "70 milhões de euros" e pela "resposta na Guiné-Conacri", e do Reino Unido, pelas "unidades de tratamento na Serra Leoa".

John Kerry recordou que os Estados Unidos enviaram "4 mil" soldados para a África Ocidental para ajudar no combate à epidemia, bem como atribuíram uma verba de mil milhões de dólares às forças armadas para o mesmo efeito.

Apesar destas contribuições, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lamentou na quinta-feira o facto do fundo especial das Nações Unidas para o combate contra o Ébola contar apenas com cerca de 100 mil dólares (78 mil euros), valor pouco expressivo quando comparado com os 20 milhões de dólares (15,6 milhões de euros) inicialmente prometidos.

Segundo o último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Ébola causou 4493 mortos em 8997 casos registados em sete países (Libéria, Serra Leoa e Guiné-Conacri, os mais afetados, mas também Nigéria, Senegal, Espanha e Estados Unidos).

O Ébola tem fustigado o continente africano regularmente desde 1976, sendo o atual surto o mais grave desde então.

Lusa
Últimas