Cambridge Analytica

Europa e EUA pedem explicações sobre dados do Facebook na eleição de Trump e no Brexit

O Facebook e o seu fundador Mark Zuckerberg estão a ser alvo de críticas na Europa e nos Estados Unidos, depois de ter sido divulgado que uma empresa de recolha e tratamento de dados sobre eleitores, que trabalhou para a campanha de Donald Trump e no Brexit, usou alegadamente informações sobre os utilizadores da rede social sem autorização. Um deputado britânico exige explicações de Zuckerberg, apesar do Facebook ter anunciado que suspendeu as relações com a empresa em causa, a Cambridge Analytica. Nos EUA, senadores democratas pedem que Zuckerberg preste declarações à Justiça.

Mark Zuckerberg, fundador da rede social Facebook.
Stephen Lam/ Reuters

Damian Collins, deputado do Partido Conservador que lidera o Comité para os Media do Parlamento britânico, anunciou que vai solicitar a presença de Zuckerberg ou de outro executivo responsável do Facebook para prestar informações sobre o caso perante o painel de especialista que dirige, e que desenvolve um trabalho de combate à desinformação e "fake news".

Collins considera que o Facebook tem "constantemente subestimado" o risco de fuga de informação e tem dado resposta pouco corretas ao comité que dirige.

"Alguém tem de assumir a responsabilidade deste caso", afirmou. "É tempo de Mark Zuckerberg deixar de se esconder por trás da sua página de Facebook.

O deputado também aponta críticas ao responsável britânico pela empresa de recolha e tratamento de dados Cambridge Analytica, Alexander Nix, que acusa de mentir. Nix terá afirmado ao comité do Parlamento britânico liderado por Collins que a sua firma não recebeu dados de um investigador acusado de obter informação de milhões de utilizadores do Facebook.

Em Washington, a senadora democrata do Minnesota, Amy Klobuchar, defendeu no Twitter que Zuckerberg "tem de prestar declarações à Justiça".

"Esta é uma enorme fuga de informação que tem de ser investigada", defendeu Klobuchar, membro da Comissão Judiciária do Senado. "Torna-se evidente que esta plataforma não consegue fazer uma autorregulação", sublinhou a senadora democrata.

"É claro que perante a ausência de regulação, este mercado continuará a ser suscetível à falta de transparência", considerou também no Twitter Mark Warner, senador da Virgínia e um dos líderes do Partido Democrata.

A empresa de Mark Zuckerberg justificou na passada sexta-feira o afastamento da Cambridge Analytica numa publicação no próprio Facebook, indicando que a empresa ficou com informações pessoais sobre mais de 270 mil utilizadores do Facebook em 2014 e 2015 sem autorização, apesar de ter dito que as tinha apagado.

Paul Grewal, autor da publicação, considerou a retenção não autorizada de informação "uma inaceitável violação de confiança", e disse que a rede social tomará medidas legais, se necessário, caso seja confirmado que houve violação de leis.

Um porta-voz da Cambridge Analytica já negou qualquer comportamento impróprio, indicando que, quando soube que o uso dos dados era uma violação das políticas do Facebook, decidiu apagá-los na totalidade.

A Cambridge Analytica, com sede no Reino Unido, ficou mais conhecida depois de ter trabalhado para a campanha presidencial de Donald Trump, tendo criado perfis psicológicos baseados em informações pessoais de milhões de norte-americanos para classificar os eleitores.

Em novembro do ano passado, o Presidente da empresa, Alexander Nix, também negou ter contactado o fundador da WikiLeaks, Julian Assange, para pedir emails relacionados com a campanha de Hillary Clinton. Facto que foi confirmado por Assange depois dos meios de comunicação terem publicado a informação, tendo também rejeitado qualquer colaboração da WikiLeaks com a Cambridge Analytica.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, a Cambridge Analytica colaborou com a equipa que trabalhou na campanha eleitoral de Donald Trump e no Brexit, analisando dados de milhões de usuários da rede social para criar um software capaz de prever e influenciar a escolha dos eleitores.

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