Brexit

Imprensa britânica destaca divisão dentro do governo que aprovou acordo

A maioria dos jornais britânicos fazem hoje manchetes sobre a divisão existente dentro do governo britânico, apesar de ter aprovado na quarta-feira o rascunho do acordo para o Brexit.

Peter Nicholls

Na primeira página do diário The Guardian, junto a uma fotografia da primeira-ministra, Theresa May, à porta de Downing Street, lê-se "Plano de May: um governo dividido, um partido dividido e um país dividido".


O jornal dá conta de que 11 dos 18 membros do governo que participaram no conselho de ministros que levou cinco horas para aprovar o documento criticaram o acordo.


Fontes internas disseram ao jornal que a ministra do Trabalho, Esther McVey, fo a mais frontal, alertando para o caos que uma derrota no parlamento provocará.


"Vai haver dias difíceis pela frente", cita o diário Daily Telegraph na manchete a declaração de May, dando conta não só da oposição dento do governo, mas do grupo parlamentar do partido Conservador.


O jornal noticia que vários deputados 'tory' disseram que iam apoiar uma moção de censura interna à líder do partido.


O The Times também dá destaque à divisão no governo e antevê uma "receção hostil" dos deputados Conservadores a favor do Brexit, quando for ao parlamento explicar a decisão de aprovar o rascunho.


Nos tabloides, o The Sun fala da "confusão" no governo e de uma "batalha enorme" para ganhar o apoio dos deputados, fazendo um jogo de palavras na manchete que reflete pessimismo.


O governo britânico aprovou na quarta-feira o rascunho de acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia após o que May descreveu como um "debate longo, detalhado e apaixonado" com os seus ministros.

"Estas decisões não foram tomadas de ânimo leve, mas acredito que seja uma decisão que é firmemente do interesse nacional", justificou a primeira-ministra.
O acordo é um documento de 585 páginas que abrange questões como a compensação financeira devida pela saída, cerca de 39 mil milhões de libras (45 mil milhões de euros) e os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido e dos britânicos na Europa e estabelece os trâmites legais que vão regular as relações entre Reino Unido e 27 depois do Brexit, nomeadamente durante o período de transição, que está previsto durar até ao final de dezembro de 2020.

Estipula também o futuro estatuto de Gibraltar, o território britânico no extremo da Península Ibérica que Espanha reivindica, e das bases militares britânicas no Chipre e define um procedimento para garantir que a fronteira na província britânica da Irlanda do Norte com a República da Irlanda, Estado membro da União Europeia, continua a funcionar sem controlos sobre a circulação de pessoas, serviços ou mercadorias.

Em paralelo, foi publicada uma declaração política de sete páginas com as linhas gerais dos termos da futura relação económica entre Londres e a UE, incluindo as relações com o mercado interno e união aduaneira e questões de segurança e política externa.

Hoje, o presidente do Conselho Europeu anunciou, em Bruxelas, que prevê convocar uma cimeira extraordinária de líderes da União Europeia a 27 para dia 25 de novembro, para "finalizar e formalizar o acordo de Brexit" com o Reino Unido.

Lusa

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