Benfica Campeão 2013/2014

Luís Filipe Vieira, o líder que apareceu quando foi preciso

O 33º título de campeão nacional de futebol  do Benfica pertence em muito ao presidente do clube, Luís Filipe Vieira,  um homem que num dos momentos mais difíceis da época reforçou o papel do  técnico Jorge Jesus. 

Vieira, o presidente com mais anos à frente do Benfica, desde que foi  eleito pela primeira vez em outubro de 2003, teve papel decisivo, após uma  época que deixara a equipa à beira de um autêntico colapso. 

O Benfica chegou a maio em quase todas as frentes e em poucos dias,  sofreu três desaires por 2-1, com FC Porto, Chelsea a Vitória de Guimarães,  que custaram a perda do campeonato, da Liga Europa e da Taça de Portugal.

Foi um abalo tremendo para jogadores, treinador -- Jorge Jesus caiu  de joelhos no Dragão, depois de ver o FC Porto marcar nos descontos -, adeptos  e dirigentes, e foi preciso reabilitar a equipa, um passo que começou em  Luís Filipe Vieira. 

O dirigente, com dificuldades em contrariar a hegemonia do FC Porto  no futebol português, não desistiu e, contra as vozes mais críticas, voltou  a apostar tudo no treinador que lhe deu o título em 2009/10 e que já levava  quatro épocas de Benfica. 

"Há um mês era o herói do Benfica. Porque deixou de o ser", perguntou  Luís Filipe Vieira, poucos dias depois de o clube iniciar a I Liga com uma  derrota (1-2 com o Marítimo) e quando a contestação, sustentada pelo final  da época anterior, se preparava para crescer. 

A estreia parecia dar razão aos mais céticos em relação a Jesus, mas  Vieira, numa entrevista ao canal do clube, colocou o dedo nos temas mais  fraturantes (a continuidade de Jesus, a indisciplina de Cardozo) e reforçou-lhes  a confiança. 

O avançado paraguaio tinha dado um empurrão ao treinador, na derrota  da Taça, mas Luís Filipe Vieira lembrou: "Não tem um passado na nossa casa?  Alguma vez faltou ao respeito a alguém? O que se tinha de fazer já foi feito  (o jogador foi castigado)". 

Foi um murro na mesa do dirigente, que, de certa forma, serviu para  desmobilizar uma manifestação que se preparava para o jogo da segunda jornada,  na Luz, no qual a equipa viria a vencer, de modo muito sofrido, o Gil Vicente.

O título de hoje do Benfica é, assim, muito de Luís Filipe Vieira, tantas  vezes acusado, nos quase 11 anos como líder do clube, de ter poucos troféus,  apesar do apoio maciço que tem tido dos sócios (eleição após eleição). 

A sociedade Vieira/Jesus tem dado frutos, sobretudo no capítulo financeiro,  e o dirigente sabe disso: em cinco épocas teve encaixes substanciais, com  as vendas de Fábio Coentrão, Di Maria, Ramires, David Luiz, Witsel, Javi  Garcia e Matic. 

No plano desportivo as conquistas no futebol não têm sido as desejadas  em número, mas Vieira, que é curiosamente o 33. presidente do clube, somou  hoje o seu nono troféu com o futebol principal e globalmente o 33. campeonato  (o Benfica é o clube português com mais títulos). 

Desde que chegou à presidência, Vieira conta três campeonatos, o de  2004/05, com Giovanni Trapattoni, e os de 2009/10 e 2013/14, com Jorge Jesus,  uma Taça de Portugal (2004/05), uma Supertaça (2005), e quatro edições da  Taça da Liga (2008/09, 2009/10, 2010/11, 2011/12). 

Certo é que o dirigente terá sempre lugar na secular história do Benfica,  face ao seu papel na recuperação financeira e da credibilidade do clube  e também em dotá-lo de estruturas modernas, com novo Estádio, para o Euro2004,  pavilhões, piscinas e um centro de estágio que começa a dar frutos na formação.

Entre muitos outros projetos, destaque também para a Fundação Benfica,  o Museu Cosme Damião, onde pode ser revista a história do clube, e a Benfica  TV, que furou o monopólio da Olivesdesportos e transmitiu os jogos caseiros  do clube na I Liga. 

Sob a sua presidência, subiram também o número de sócios pagantes, até  a um recorde do Guinness Book, e manteve-se a filosofia de um clube eclético,  o único dos "grandes" a competir em todas principais modalidades. 

Foi também sob o seu comando que o Benfica chegou ao título europeu  de hóquei em patins, o primeiro na sua história, quando em 2013 venceu em  pleno Dragão Caixa o anfitrião e rival FC Porto (com um golo de ouro no  prolongamento). 

Ainda no futebol, Vieira soma três títulos de campeão, entrando numa  galeria de presidentes como Augusto Júnior, Maurício Vieira de Brito ou  João Santos, mas ainda longe de Borges Coutinho, o dirigente "encarnado"  com mais campeonatos, sete. 

Lusa

Últimas