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FMI: Dominique Strauss-Kahn marcou a história da instituição, no bom e no mau sentido

Lisboa, 19 mai (Lusa) -- Dominique Strauss-Kahn, que se demitiu na quinta-feira do cargo de diretor geral do Fundo Monetário Internacional, marcou a história da instituição ao conseguir modernizá-la e ao acabar a sua carreira na prisão.

Luís Miguel Pinto

Lisboa, 19 mai (Lusa) -- Dominique Strauss-Kahn, que se demitiu na quinta-feira do cargo de diretor geral do Fundo Monetário Internacional, marcou a história da instituição ao conseguir modernizá-la e ao acabar a sua carreira na prisão.

O antigo ministro das Finanças francês apresentou na quarta-feira, quinta-feira em Portugal, ao conselho de administração do FMI uma demissão que parecia inevitável, numa carta escrita desde a prisão de Rikers Island, em Nova Iorque.

"É com uma infinita tristeza que me vejo obrigado a propor hoje ao conselho de administração a minha demissão do meu posto de Diretor Geral do FMI", escreveu o francês, na sua primeira declaração pública desde a sua detenção devido a uma suspeita de um crime sexual.

"Quero preservar esta instituição que servi com honra e devoção, e sobretudo, quero consagrar todas as minhas forças, todo o meu tempo e toda a minha energia para demonstrar a minha inocência", acrescentou.

Desde que assumiu funções em novembro de 2007, Strauss-Kahn, 62 anos, conseguiu transformar uma instituição em crise, ao efetuar uma reestruturação profunda, rejuvenescendo-a e tornando-a novamente poderosa.

Na cena diplomática e financeira, Strauss-Kahn demonstrou estar aberto a todas as propostas, gerindo a instituição com uma habilidade política que lhe valeu elogios vindos do mundo inteiro.

"A crise financeira deu ao Fundo uma ocasião para começar a reafirmar o seu lugar no mundo, e Strauss-Kahn aproveitou essa ocasião", escreveu na terça-feira o Diretor Geral do fundo obrigacionista Pimco, Mohamed El-Erian, antigo economista do FMI.

Em janeiro de 2008, quando esta crise ainda era descrita como benigna pelos governos, Strauss-Kahn apelava às grandes economias do planeta para aplicarem planos de relançamento económico, quebrando a tradição dos ocupantes do cargo.

Strauss-Kahn apostou na diversificação dos pontos de vista de uma instituição emblemática do capitalismo ocidental, chegando a declarar, em abril de 2011, a morte "do consenso de Washington", um conjunto de doutrinas liberais.

Entre os países fundadores do euro, o francês também esteve na primeira linha quando a união monetária começou a ser ameaçada pela crise da dívida pública, defendendo a solidariedade entre governos.

O seu sonho de uma autoridade orçamental europeia que pudesse organizar essa solidariedade a longo prazo corre hoje o risco de não se concretizar.

O seu estilo agradava não apenas aos ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais, mas também aos eleitores franceses.

A partir de 2009, começou a ser apontado nas sondagens como um dos favoritos nas eleições presidenciais da primavera de 2012.





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