Foram 80 mil as mulheres que participaram (entre abril de 2021 e julho de 2022) num estudo sueco realizado com o propósito de apurar a eficácia da inteligência artificial num dos métodos mais utilizados para detetar o cancro: a mamografia.
A par de outros rastreios, que ajudam a salvar muitas vidas porque contribuem para a deteção precoce de neoplasias malignas, a mamografia reduz em cerca de 20% a mortalidade por cancro da mama. No entanto, os avanços nesta área para que os números sejam cada vez melhores têm acontecido com frequência. Prova desse caminho feito pela ciência é o mais recente estudo sueco publicado na revista The Lancet Oncology.
Com recurso a sistemas de IA, comprovou-se que estes sistemas detectam 20% mais os tumores que a metodologia tradicional aliada à dupla revisão dos profissionais, o que mostra que esta tecnologia apresenta dupla vantagem: é segura e reduz o trabalho do ser humano.
Os resultados preliminares do estudo mostram que a inteligência artificial descobriu o cancro em 244 mulheres, enquanto o método tradicional descobriu em 203 mulheres. Ou seja, foram descobertos mais 41 cancros com a utilização de IA e não foram gerados mais casos falsos positivos (percentagem de apenas 1,5%, em ambos os métodos de diagnóstico).
“Com a detecção assistida por IA, detectamos 20% mais cancros do que com a detecção padrão (leitura dupla sem IA). Não houve falsos positivos entre esses 20%, são efetivamente casos confirmados de cancro. Além disso, a detecção apoiada por IA não levou a um aumento de falsos positivos, o que é muito bom", diz Kristina Lång, investigadora da Divisão de Radiologia Diagnóstica da Universidade de Lund (Malmö, Suécia) e autora do estudo, ao jornal espanhol El País.
Apesar dos resultados favoráveis deste estudo (que está a decorrer), ainda há um longo caminho a percorrer para que a IA substitua a análise de um profissional. E, como explica Lång, atualmente, "as diretrizes europeias não recomendam que a IA substitua um leitor humano”.
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