Mais de 60% da população portuguesa tem excesso de peso e os números aumentam a cada ano. Para muitos, o tratamento só chega quando a obesidade já é uma ameaça séria para a saúde, mas os médicos lembram que é essencial apostar na prevenção. O sleeve endoscópico pode ser uma solução eficaz.
A doente que a SIC acompanhou pela 85kg, mas não deveria ter chegado sequer aos 70. Tem 35 anos e o excesso de peso acompanha-a desde sempre.
“Portugal foi dos primeiros países a considerar a obesidade como uma doença. Sabemos que é uma doença crónica, multifatorial e pode evoluir ao longo de toda a vida do indivíduo”, explicou à SIC Paula Freitas, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia e Diabetes.
Uma doença que quando não é tratada pode resultar no aparecimento de outras patologias, ou mesmo matar.
Sleeve endoscópico é indicado para graus de obesidade menos graves
A doente que a SIC acompanhou acredita que o pesadelo que lhe ameaça a vida irá terminar em breve, com a ajuda de um sleeve endoscópico ou gastroplastia endoscópica, uma técnica não invasiva destinada a pessoas com excesso de peso.
“É uma técnica que está especialmente indicada para doentes que sofrem de obesidades menos graves, grau 1 e 2, sendo que em obesidades mais graves há critérios para outros tipos de intervenção”, explicou o gastroenterologista Miguel Afonso.
O procedimento é feito num bloco operatório, com recurso a sedação, e é realizado através de endoscopia por via oral. Não há cortes nem cicatrizes externas. O objetivo é a diminuição do tamanho do estômago, para assim controlar a quantidade de alimentos ingeridos.
“O estômago fica com uma menor capacidade”, acrescenta o gastroenterologista.
O procedimento foi rápido e a paciente teve alta poucas horas depois.
Lista de espera no SNS leva doentes a recorrer ao privado
No Serviço Nacional de Saúde esta é uma solução disponível, mas a lista de espera é interminável.
Quem tem capacidade económica, recorre ao sector privado. A intervenção ronda os nove mil euros. No entanto, e apesar de estar indicada no tratamento da obesidade, não é comparticipada por qualquer seguradora.
A Organização Mundial de Saúde refere que a obesidade é a epidemia do século. Mais de 4,5 milhões de portugueses sofrem com excesso de peso. Destes, 23% são obesos.