A semana começa com menos urgências fechadas, mas ainda com grande pressão nos serviços de ginecologia e obstetrícia. Nesta altura, a situação mais preocupante é em Leiria, no Hospital de Santo André. Até dia 19 de agosto não vão nascer bebés nesta unidade hospitalar.
“A partir de hoje, dia 5 de agosto, até à manhã do dia 19 de agosto, Leiria, na sua maternidade, nem vai ter resposta para as situações emergentes. Não são só as situações urgentes, que muitas vezes podem ser resolvidas em uma ou duas horas, às situações emergentes têm por definição que ser atendidas imediatamente”, explica Carlos Cortes, Bastonário Ordem dos Médicos.
Todas as mulheres com partos programados estão a ser encaminhadas para o Centro Materno-Infantil do Norte, no Porto, a 200 km de distância. Foi lá, que no domingo, Rafael nasceu.
“Ela ficou muito apreensiva porque nós tínhamos tudo programado para ter lá e de repente mudamos de sítio (...), mas fomos muito bem atendidos aqui no Centro Materno-Infantil do Norte. O centro de Leiria é muito grande, as instalações são fantásticas, então é a única coisa que nós estranhámos", conta Rodrigo Matos, pai de Rafael.
Até agora, o Centro Materno-Infantil garante ter capacidade para dar resposta às grávidas que vêm de Leiria
“Neste momento estão cerca de 18 já orientadas. Já nasceram quatro, já temos orientadas com induções e programações de partos para a próxima semana mais seis, temos algumas que vêm cá a consultas para nós podermos agendar melhor e organizar dentro das nossas equipas para não haver uma sobrecarga dos nossos profissionais e dos nossos recursos”, diz Rosa Zulmira, diretora do Serviço de Obstetrícia Centro Materno-Infantil Norte.
Contactada pela SIC, uma fonte do hospital de Leiria diz que o fecho da urgência já estava previsto e que todas as grávidas com partos programados estão a ser avisadas. Mas as que não tiverem partos programados e precisarem de uma urgência também têm uma longa viagem pela frente até serem vistas. 70 km até Coimbra.
Leiria é nesta altura o caso mais grave, mas há mais hospitais com os serviços de obstetrícia e ginecologia e pediatria encerrados. Por exemplo, o Hospital Garcia de Orta, em Almada, vai ter durante toda a semana o serviço de urgência de obstetrícia e ginecologia fechado. No Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o maior do país, o serviço de obstetrícia também não vai estar a funcionar durante toda a semana.
Em todos os casos, o problema é o mesmo: falta de médicos para preencher as escalas. A Ordem dos Médicos e os sindicatos já avisaram que é preciso tornar a carreira mais atrativa para que os profissionais se mantenham no país.