A compra de suplementos com vitamina D continua a aumentar em Portugal, apesar da DGS não recomendar o uso de medicamentos para tratar a falta de vitamina. Desde o início do ano já foram vendidas 725 mil embalagens de multivitamínicos com vitamina D.
Entre janeiro e setembro deste ano foram compradas mais de 90 mil embalagens de suplementos de vitamina D nas farmácias portuguesas. Se contarmos os medicamentos multivitamínicos com esta vitamina, o número dispara para 725 mil.
O coordenador do hospital de dia de Reumalogia do Hospital de São João acredita que o aumento do consumo não é sinónimo de excessivo.
“Temos até estudos nacionais a mostrar uma elevada prevalência de défice de vitamina D”, recorda Miguel Bernardes.
Há cerca de dois anos foi publicado um estudo que analisa a carência de vitamina D na globalidade da população portuguesa adulta e a conclusão foi de que dois em cada três portugueses têm falta de vitamina D.
No inverno, revela o estudo publicado no Archives of Osteoporosis, apenas dois em cada 10 portugueses apresenta níveis normais de vitamina D e que esta carência é um problema que em Portugal ainda é desvalorizado.
Os dados do Centro de Estudos e Avaliação em Saúde da Associação Nacional de Farmácias avançados pelo Jornal de Notícias mostram que o consumo de vitamina D está a subir desde 2020.
Ainda antes da pandemia, em agosto de 2019, a venda deste suplemento bateu recordes. A DGS tinha emitido nessa altura uma norma em que defende a educação para a saúde e o foco nas medidas não farmacológicas, ou seja, exposição ao sol com os devidos cuidados e uma alimentação rica em peixes gordos e ovos.
"O uso de protetores solares é generalizado. Temos uma não absorção da parte do Sol. Da mesma maneira, o tipo de dieta que estamos a utilizar não tem uma percentagem elevada de peixe gordo, que é rico em vitamina D", defende o reumatologia, Miguel Bernardes.
A prescrição de suplementos defende a DGS só deve acontecer depois de confirmação laboratorial ou clínica em situações muito específicas, como é o caso de idosos internados, pessoas com problemas de saúde que aumentem o risco de deficiência de vitamina D ou com historial de carência.
Os medicamentos com vitamina D podem ter efeitos adversos na saúde e devem ser apenas por indicação médica.