Carlos Moedas nasceu em Beja, em 1970. O pai, histórico comunista da terra, era jornalista e foi um dos fundadores do jornal regional “Diário do Alentejo”, a mãe foi costureira.
A família era pobre, vivia num ambiente com “zero privilégios”. Nunca sentiu vergonha ou inveja, mas não esconde: “sempre quis lutar para ter as mesmas condições que os outros”.
Aos 10 anos descobriu Francisco Sá Carneiro, através das folhas do Diário do Alentejo e percebeu que não se identificava com os ideais comunistas.
"Os discursos de Sá Carneiro davam-me esperança [num futuro]”. Na altura ir estudar para Lisboa era caro mas o filho mais novo do respeitado comunista Zé Moedas queria “ver o mundo”.
Formou-se em Engenharia mas podia ter sido médico não fosse o acidente de viação a que assistiu perto da sua casa - “desmaiei logo quando vi sangue”.
Depois da licenciatura foi viver para Paris, onde encontrou o primeiro trabalho num anúncio no jornal Expresso (Expresso Emprego) - “Procuramos jovem engenheiro”, estava escrito em francês. Moedas agarrou a oportunidade, para um jovem de 23 anos era um salário “como nunca tinha tido na vida”.
Em Paris conheceu Céline Abecassis, a mulher com quem é casado e tem três filhos. Céline é filha de pai marroquino e mãe tunisina, a “minha família é uma misturada”, explica Moedas enquanto recorda o primeiro encontro. Nesta conversa com Bernardo Ferrão fala sobre o momento em que conheceu os sogros: “quem é uma minoria sente o estigma”.
É presidente da Câmara de Lisboa desde 2021. No podcast Geração 70 descreve uma Lisboa cheia de “luz”, mas não esquece a Lisboa “sombria” e “pobre - “as cidades desenvolveram-se mas existe uma barreira. Quem vive no bairro não consegue frequentar uma Universidade da própria cidade”.
Divide o país em dois momentos: antes dos anos 2000 e depois de 2000. “Antes, na era do cavaquismo, havia esperança. Depois o país estagnou, estamos parados”.
Já foi chamado “ministro da Troika”, mas descreve-se como um presidente da “rua” e um político “livre” - “não devo nada a ninguém na política”. Sobre esses anos de brasa lembra que “o nível de liberdade de um país intervencionado é quase zero e eu penso que deveria haver mais liberdade.”
Não se alonga sobre voos mais altos no PSD e no país, aliás, garante que a sua “única ambição é governar a autarquia de Lisboa” mas não concretiza sobre se faz mais um mandato, “veremos…”. “Não vale a pena fazer grandes projectos sobre o futuro”.
E Luís Montenegro? “Está a fazer um trabalho importantíssimo”, responde.
Carlos Moedas é o novo convidado do podcast Geração 70. Numa conversa com Bernardo Ferrão recorda a infância - pobre - em Beja, o primeiro emprego em Paris e a passagem pela Europa como Comissário Europeu. Fala ainda dos momentos “complicados” da Troika e do estado da política marcada pela “incapacidade de combater o populismo”.