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"Vamos continuar a ter partos nas estradas e nas ambulâncias deste país"

A presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, considera inútil a proposta do Ministério da Saúde de mobilizar os especialistas para a urgência do Hospital de Almada.

Fernanda de Oliveira Ribeiro

Margarida Bento Campos

Dos oito obstetras do Hospital do Barreiro, seis já têm mais de 55 anos anos, logo, já não têm idade para fazer urgências, diz a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Joana Bordalo e Sá considera, por isso, inútil, a proposta do Ministério da Saúde de mobilizar os especialistas para a urgência do Hospital de Almada.

"Os médicos não podem ser obrigados à força a irem trabalhar num hospital de um concelho diferente, mas mais importante do que estar a fazer propaganda com medidas totalmente inúteis e vazias o que era importante era que o Ministério da Saúde garantisse que o Hospital do Barreiro, o hospital em Almada e o Hospital de Setúbal conseguissem garantir cuidados de proximidade à população e isso não está a ser feito."

O Governo anunciou na semana passada que os "Ministérios da Saúde e das Finanças estão a ultimar o enquadramento jurídico da futura urgência regional da Península de Setúbal", mobilizando os obstetras da região para a urgência do Garcia de Orta, em Almada.

A decisão desagrada aos utentes e aos profissionais porque alegam que deixaria desprotegidas as grávidas de uma faixa considerável da região que serve.

"Estamos a falar de toda uma margem sul da Península de Setúbal que serve também população do Alentejo e, portanto, são dezenas e dezenas de quilómetros que os cidadãos vão ter de percorrer para serem assistidos, o que é absolutamente inaceitável. Acima de tudo o que se está a dizer à população é que não estão garantidos cuidados de proximidade em serviço de urgência de obstetrícia para assistir o parto perto da zona de residência, muito pelo contrário", disse Joana Bordalo e Sá.

A presidente da FNAM diz que o país vai continuar a assistir ao nascimento de bebés "nas estradas e ambulâncias".

A SIC sabe que esta indefinição da situação está a criar ansiedade nas grávidas do Barreiro e a desmotivar os profissionais que não foram consultados, nem formalmente informados sobre o que lhes reserva o futuro.

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