País

Agressor de Machico: "A diferença deste caso para muitos outros é a existência de um vídeo"

Caso de Machico, em que um bombeiro agride violentamente uma mulher em frente ao filho de nove anos, chocou o país. Atuação célere da justiça é "essencial para a violência doméstica".

Mónica Martins

Marta Ferreira

Mauro Paulino

O psicólogo e comentador da SIC Notícias, Mauro Paulino, analisou esta sexta-feira o caso que chocou o país esta semana. Na sua perspetiva, o vídeo que viralizou nas redes sociais, em que se vê o agressor a entrar pela casa onde estava a vítima e partir imediatamente para a agressão, ignorando a presença do filho menor, é o que distingue este caso de tantos outros de violência doméstica.

"A diferença deste caso para muitos outros é a existência de um vídeo, ou seja, este vídeo que valida o sofrimento, valida os gritos, valida o pânico que nós podemos ouvir durante estas imagens e que muitas vezes são ignoradas em tribunal perante um testemunho de uma criança porque não existe um vídeo que faça a prova", analisa o psicólogo.

Mauro Paulino reforça que "quando existem crianças no contexto da violência doméstica, elas são também vítimas" e é preciso, nesse sentido, perceber "como é que é a dinâmica familiar, para a proteção da própria vítima ou das vítimas".

O comentador da SIC Notícias detalha que "a investigação demonstra que as dinâmicas de violência costumam surgir de uma forma emocional, psicológica, até escalarem ao ponto da violência física" e é por isso que "é de admitir, em cenários de violência física, que já existissem no passado outras formas de violência, não necessariamente física".

"Toda a dinâmica familiar marcada pela violência acaba por impactar a criança", sublinha. E acrescenta: "É consensual na investigação de que a violência doméstica é um atentado ao desenvolvimento emocional da criança e que é uma experiência traumática."

Mauro Paulino defende que daí surge "a necessidade do direito reconhecer isto do ponto de vista penal", ou seja, "reconhecer a criança também enquanto vítima" porque "depois existem as responsabilidades parentais para ser reguladas e devemos proteger a criança de contactos com o progenitor agressor, uma vez que, muitas vezes, este progenitor agressor continua a usar a criança para infligir sofrimento à vítima adulta".

O psicólogo considera que a criança não deve ser obrigada "a conviver com o progenitor agressor em cenários de violência doméstica porque isto é também revitimizar estas crianças".

Quanto à atuação da justiça, o psicólogo afirma que a celeridade de medidas em relação ao agressor é "essencial para a violência doméstica" uma vez que transmite uma mensagem tanto para as vítimas, para que denunciem, quanto para os agressores, de que terão consequências pelos seus atos.

Últimas