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Associações recebem com apreensão palavras de ministra sobre alterações à lei laboral

Além da licença de amamentação, a reforma à lei laboral inclui o fim dos três dias de faltas justificadas e remuneradas por luto gestacional para ambos os pais e o fim do horário flexível parafamílias com crianças até aos 12 anos de idade. 

Jéssica Ramos

Flávio Valente

Numa altura em que se assinala a Semana Mundial do Aleitamento Materno, a polémica em torno da reforma laboral ganha força, especialmente em relação às novas regras de parentalidade. A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social fez declarações, insinuando que há mães que alegam estar a amamentar para poderem ter um horário de trabalho reduzido, declarações que geraram indignação. 

Arrancou no dia 1 de Agosto a Semana Mundial do Aleitamento Materno. O tema tem estado na ordem do dia, sobretudo devido à alteração da Lei Laboral.  

Na lei atual, não é especificado um limite para a licença de amamentação, mas o Executivo quer agora um travão aquando dos dois anos da criança de forma a evitar “abusos”. 

“O exercício adequado de um direito não deve confundir-se com o exercício abusivo desse mesmo direito. Temos conhecimento de muitas praticas em que as crianças parece que continuam a gozar da amamentação só para que as mães tenham redução de duas horas no horário de trabalho”, disse a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. 

As declarações de Maria do Rosário Palma Ramalho foram recebidas com apreensão pelas associações e movimentos pelos direitos da família e da criança. 

Por enquanto, a prova de amamentação só tem de ser feita a partir dos 12 meses. Depois disso, apenas as mães de crianças amamentadas têm direito à redução horária. 

OMS recomenda amamentação até aos dois anos

A Organização Mundial da Saúde recomenda a amamentação exclusiva até aos seis meses de idade e a sua continuação pelo menos até aos dois anos. 

Em Portugal, só uma em cada cinco bebés são amamentados até aos seis meses e, depois disso, o número cai a pique. 

Além da licença de amamentação, a reforma à lei laboral inclui o fim dos três dias de faltas justificadas e remuneradas por luto gestacional para ambos os pais e o fim do horário flexível parafamílias com crianças até aos 12 anos de idade. 

O Movimento por seis meses de Licença Parental escreveu uma carta-aberta ao Governo e aos deputados da Assembleia da República, que conta já com mais de 20 mil assinaturas. 

No documento, pedem a rejeição ou alteração à proposta sobre a licença de amamentação, a rejeição da revogação do direito a três dias de faltas justificadas por perda gestacional e que se mantenha o atual regime de horário flexível. 

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