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Lembra-se do caso Joana e do Rhei Ghob? Condenações por homicídio sem provas físicas são raras

Lembra-se de Joana Cipriano? A menina de oito anos desapareceu em Portimão a 12 de setembro de 2004. Tinha ido comprar leite e conservas. A mãe disse que não voltou para casa, mas ficou provado que as compras chegaram.

Amanda Martins

As condenações por homicídio sem provas físicas são raras. Quando não são encontrados os corpos das vítimas, os tribunais decidem com base noutros meios de prova, como vestígios e testemunhos.

O desaparecimento de Joana Cipriano

Joana desapareceu em Portimão a 12 de setembro de 2004. Tinha ido comprar leite e conservas. A mãe disse que não voltou para casa, mas ficou provado que as compras chegaram.

Leonor Cipriano foi condenada, pelo homicídio da filha, a mais de 20 anos de prisão. A pena acabou reduzida para os 16 anos. Também o irmão, João Cipriano, acabou condenado à mesma pena.

O tribunal de júri deu como provado que Joana foi espancada pela mãe e pelo tio. O motivo, nunca provado, teria sido a vontade de esconder uma relação de incesto.

O cadáver da menina não foi encontrado, apesar das buscas, algumas das quais motivadas por pistas falsas do tio. A Polícia Judiciária, com base em vestígios, acredita que o corpo foi esquartejado e terá servido de alimento para animais.

Leonor Cipriano saiu da prisão de Odemira em liberdade condicional em 2019. Alegou ter sido forçada a confessar um crime que diz não ter cometido.

Este não foi o único caso em Portugal de condenação por homicídio com ausência de cadáver.

Rhei Ghob e o “castelo dos gnomos”

Francisco Leitão, mais conhecido por Rei Ghob, dizia que era bruxo e que tinha poderes sobrenaturais. Em 2012 foi condenado pela morte de três jovens: um rapaz e duas raparigas que desapareceram entre 2008 e 2010.

A Polícia Judiciária nunca encontrou os corpos, só vestígios. Mas a Justiça acredita que Leitão matou e torturou as vítimas, que terão sido aliciadas com jantares e oferta de bens.

O tribunal de júri decidiu aplicar a pena máxima: 25 anos de prisão pelo homicídio dos três jovens.

Os crimes terão sido cometidos dentro do chamado "castelo dos gnomos", a casa excêntrica onde morava na aldeia de Carqueja.

Francisco Leitão está ainda a cumprir pena na cadeia de Vale dos Judeus, em Alcoentre.

Alemães condenados nos Açores

No ano passado, o Tribunal de São Roque, na ilha do Pico nos Açores, condenou um alemão a 25 anos de prisão pelo homicídio de duas pessoas. A mulher, também alemã, foi condenada a três anos por coautoria de profanação de cadáver.

Os crimes aconteceram em 2022. As vítimas eram dois homens que estavam a visitar terrenos perto da casa do casal.

Foram abatidos a tiro. Os cadáveres nunca foram encontrados, mas a polícia científica diz que os corpos foram queimados numa fogueira.

A PJ apreendeu armas de fogo na casa dos suspeitos e recolheu indícios que foram decisivos para a sentença do tribunal.

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