Frederico Morais, dirigente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, entende que a fuga de dois reclusos da prisão de Alcoentre, esta segunda-feira, aconteceu devido ao insuficiente número de guardas e à “incompetência de quem está à frente dos serviços prisionais.”
Em entrevista à SIC Notícias, Frederico Morais atira que esta fuga “é mais uma prova da falência do sistema prisional ao longo destes 10 meses”, referindo-se à fuga de cinco prisioneiros da cadeia de Vale de Judeus.
Desde então, nota, “nada foi feito”:
“Numa semana fugiram quatro presos, tentativas de fuga, duas consumadas, agora a terceira, e não vemos nada de resolução. Há cada vez menos guardas, mas cada vez nos pedem mais. E hoje a prova é que os reclusos fugiram porque não havia guardas prisioneiros para controlar a periferia da cadeia de Alcoentre.”
Frederico Morais adianta que um dos evadidos já tinha sido transferido do estabelecimento prisional de Ponta Delgada, nos Açores, devido a uma tentativa de fuga.
“Foi colocado numa cadeia com regime semiaberto. Ou seja, nem tivemos cuidado com uma pessoa que estava a ser transferida por tentativa de fuga em Ponta Delgada”, afirma.
Sobre o segundo recluso revela que se trata de um detento “do Alentejo que estava preso em Beja” e que “era recetor de tráfico dentro da cadeia”.“Também aproveitou a oportunidade”, diz.
“Ontem [no domingo], em Alcoentre, houve um arremesso de telemóveis para dentro da cadeia. A torre por onde eles hoje fugiram ontem estava ativa. Detetámos os telemóveis. Hoje, por opção da nossa chefia, decidiram que não ia estar ativa”, lamenta.
“Falta de competência"
O dirigente sindical vai mais longe nas críticas e fala mesmo em “falta de competência quem está à frente dos serviços prisionais.”
Parte da solução, no entender de Frederico Morais, passa por transferir os serviços prisionais para o Corpo da Guarda Prisional:
“É preciso haver coragem política para assumir de uma vez por todas que quem percebe de segurança prisional é o Corpo da Guarda Prisional.”
Frederico Morais menciona ainda que Luís Montenegro refere frequentemente que Portugal “é um país seguro”, o que, na opinião do sindicalista, só será totalmente verdade quando “o último reduto da segurança nacional for seguro, ou seja, as cadeias.”
“Neste momento, não são. Não são porque há incompetência e a incompetência está provada hoje nesta fuga”, remata.