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Fuga da prisão de Alcoentre: torre de vigia estava desativada "por opção da chefia"

Frederico Morais, dirigente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, lamenta que desde a fuga de Vale de Judeus, em setembro de 024, nada tenha sido feito para evitar situações semelhantes. Na antena da SIC Notícias, o sindicalista avança detalhes sobre os dois detentos evadidos da prisão de Alcoentre. 

SIC Notícias

Frederico Morais, dirigente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, entende que a fuga de dois reclusos da prisão de Alcoentre, esta segunda-feira, aconteceu devido ao insuficiente número de guardas e à “incompetência de quem está à frente dos serviços prisionais.” 

Em entrevista à SIC Notícias, Frederico Morais atira que esta fuga “é mais uma prova da falência do sistema prisional ao longo destes 10 meses”, referindo-se à fuga de cinco prisioneiros da cadeia de Vale de Judeus. 

Desde então, nota, “nada foi feito”: 

“Numa semana fugiram quatro presos, tentativas de fuga, duas consumadas, agora a terceira, e não vemos nada de resolução. Há cada vez menos guardas, mas cada vez nos pedem mais. E hoje a prova é que os reclusos fugiram porque não havia guardas prisioneiros para controlar a periferia da cadeia de Alcoentre.” 

Frederico Morais adianta que um dos evadidos já tinha sido transferido do estabelecimento prisional de Ponta Delgada, nos Açores, devido a uma tentativa de fuga. 

“Foi colocado numa cadeia com regime semiaberto. Ou seja, nem tivemos cuidado com uma pessoa que estava a ser transferida por tentativa de fuga em Ponta Delgada”, afirma. 

Sobre o segundo recluso revela que se trata de um detento “do Alentejo que estava preso em Beja” e que “era recetor de tráfico dentro da cadeia”.“Também aproveitou a oportunidade”, diz. 

“Ontem [no domingo], em Alcoentre, houve um arremesso de telemóveis para dentro da cadeia. A torre por onde eles hoje fugiram ontem estava ativa. Detetámos os telemóveis. Hoje, por opção da nossa chefia, decidiram que não ia estar ativa”, lamenta. 

“Falta de competência"

O dirigente sindical vai mais longe nas críticas e fala mesmo em “falta de competência quem está à frente dos serviços prisionais.” 

Parte da solução, no entender de Frederico Morais, passa por transferir os serviços prisionais para o Corpo da Guarda Prisional: 

“É preciso haver coragem política para assumir de uma vez por todas que quem percebe de segurança prisional é o Corpo da Guarda Prisional.” 

Frederico Morais menciona ainda que Luís Montenegro refere frequentemente que Portugal “é um país seguro”, o que, na opinião do sindicalista, só será totalmente verdade quando “o último reduto da segurança nacional for seguro, ou seja, as cadeias.” 

“Neste momento, não são. Não são porque há incompetência e a incompetência está provada hoje nesta fuga”, remata. 
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