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"É ver uma construção a ser destruída": imigrantes apreensivos com mudanças na lei da nacionalidade

Os imigrantes em Portugal receberam com preocupação o anúncio das alterações à lei da nacionalidade. Para muitos, as novas medidas representam um retrocesso e reforçam a sensação de exclusão.

Bruno Castro Ferreira

Rúben de Matos

Tiago Monteiro

Hugo Veigas

Rodrigo Rimourinho

Na Casa do Brasil, em Lisboa, onde há anos se trabalha com comunidades imigrantes, o anúncio do Governo foi acompanhado de perto. A presidente da associação, Ana Paula Costa, descreve as alterações como "ver uma construção ser destruída". Lamenta que o discurso do Executivo de Luís Montenegro esteja a criar divisões na sociedade e a alimentar uma retórica de "nós, os bons" contra "eles, os invasores".

A principal mudança anunciada é o fim da possibilidade de requerer nacionalidade portuguesa após cinco anos de residência legal. Além disso, passará a ser exigido um teste de língua portuguesa e outro de história de Portugal para a obtenção da nacionalidade. Para a Casa do Brasil, estas medidas não só dificultam a integração como agravam o ressentimento e o sentimento de injustiça entre comunidades imigrantes que há muito contribuem para o país.

Em frente à Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA), as longas filas continuam a ser um reflexo da ineficiência do sistema. Mohsen, cidadão iraniano, explica que quer trazer a família para Portugal, mas sente-se bloqueado pela falta de resposta do Estado. Histórias como a sua multiplicam-se.

O sentimento de muitos é que o país, que durante anos foi reconhecido como um dos melhores do mundo a integrar imigrantes, está a mudar. Para Ana Paula Costa, esse clima de acolhimento está a dar lugar a um ambiente cada vez mais hostil e politizado.

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