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Armazém em Loures arrendado por alegado bispo rendia milhares de euros por mês

As rendas do armazém variam entre os 250 euros, para quem vive sozinho, e os 370, para casal, sendo que cada filho representa um pagamento extra de 30 euros. No total, vivem no armazém visado pela PSP cerca de 100 pessoas.

Bruno Castro Ferreira

Joana Rita de Almeida

Humberto Candeias

A PSP esteve esta quinta-feira num armazém, em Loures, onde vivem perto de uma centena de pessoas. Em causa, suspeitas de auxílio à imigração ilegal que recaem sobre um alegado bispo de uma igreja evangélica, que a Investigação SIC denunciou em março. Garagens, armazéns e antigas lojas foram divididos em quartos, transformados em alegadas bases missionárias e estão a render milhares de euros por mês. 

As rendas do armazém variam entre os 250 euros, para quem vive sozinho, e os 370, para casal, sendo que cada filho representa um pagamento extra de 30 euros. 

No total, serão cerca de 100 moradores. Quarenta e cinco - todos legais - estavam na espécie de casa quando a PSP lhes bateu à porta esta quinta-feira às 07:00 

Em causa, suspeitas de crime de auxílio à imigração ilegal, que recaem sobre o homem que arrenda os quartos: Zaqueu Pereira, um alegado bispo de uma igreja evangélica que se instalou no résdo chão do prédio. 

"Bispo" controla movimentações pelas câmaras de segurança

É ele quem gere o arrendamento dos quartos. Controla tudo pelas câmaras de vigilância e cobra 10 euros aos moradores que tragam outra pessoa para passar a noite. Passa-lhes ainda uma espécie de recibos sem validade nas Finanças. 

Em março, a Investigação SIC denunciou o caso e encontrou em espaços como este. Há 10, ao todo, em Loures, Seixal e Setúbal. 

O caso ficou ainda mais difícil de ignorar quando, em abril, a PSP foi chamada para vir até aqui depois de uma mulher ter tentado matar o marido num contexto de violência doméstica. 

O espaço é gerido por uma autodenominada igreja evangélica, que a Aliança Evangélica Portuguesa nem sequer reconhece como tal. A poucos metros, em S. João da Talha, há mais três espaços. 

A procura é tanta que, minutos depois de o quarto ter ficado vago, ainda nem estava arrumado, e já havia gente interessada. 

Câmara do Seixal notificou proprietário

Como o espaço não está legalizado para habitação, depois da reportagem da SIC, a Câmara do Seixal notificou o proprietário. O prazo já terminou, mas, até agora, continua tudo na mesma. Na mesma também em Setúbal, onde, num armazém, o mesmo suposto bispo tem mais 27 quartos. 

As suspeitas de auxílio à imigração ilegal não são novas. Dois dias depois da reportagem da SIC, em março, o Ministério Público do Seixal anunciou que deduziu acusação contra Zaqueu Pereira precisamente por esse crime.  

A SIC tentou contactar Zaqueu Pereira, mas sem sucesso. Os advogados dizem que o "bispo" está fora do país. 

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