O Tribunal de Aveiro continua a ouvir as testemunhas da acusação, no julgamento do homem acusado de matar uma mulher grávida, na Murtosa. A última sessão ficou marcada por um depoimento contraditório, que pode dar origem a uma acusação por falsidade de testemunho.
A quinta sessão do julgamento conta com relatos de dois episódios relevantes. Duas testemunhas, um casal de pescadores, asseguram que viram Mónica e Fernando juntos pelo menos em três ocasiões. Uma versão contrária à do acusado, que disse ao tribunal ter estado apenas uma vez com a mulher, que estava grávida de sete meses.
O outro episódio, a compra de um cartão de uma operadora - que o arguido terá usado num telemóvel antigo, sem GPS - tem como testemunha o funcionário da tabacaria onde o cartão foi adquirido, na véspera do desaparecimento. Neste caso, o Ministério Público, defende que a compra deste cartão foi uma tentativa de Fernando Valente não deixar um rasto dos contactos com a vítima.
Acontece que, quer um dos filhos, quer uma das irmãs da vítima, partilhavam o armazenamento de conteúdos dos smartphones numa nuvem de dados. Também por isso, o depoimento da irmã gémea de Monica Silva é um dos mais aguardados, estando agendado para quarta-feira.
A última sessão ficou marcada por depoimentos considerados antagónicos por parte do homem que ajudou numa limpeza profunda do apartamento da Torreira, considerado pela acusação como o local do crime.
“Apresentou aqui mais do que uma versão, que foi contraditória com uma outra que, perante magistrado do Ministério Público, fez no inquérito”, explica o advogado António Falé de Carvalho. “Os assistentes pediram a falsidade do depoimento.”
Fernando Valente, acusado dos crimes de homicídio, aborto e profanação de cadáver está a ser julgado por um tribunal de júri.
Sobre a decisão de realizar o julgamento à porta fechada aguarda-se, ainda, o desfecho do recurso, que contesta esta decisão.