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Rui Tavares pede “Esquerda unida” para “derrotar extrema-direita” nas autárquicas

Em entrevista à SIC Notícias, Rui Tavares alerta para o risco de, no dia seguinte às eleições autárquicas, o país poder vir a acordar com um “mapa político inteiramente mudado” e revela, por isso, que vai pedir conversas com os líderes de Esquerda.

Carolina Botelho Pinto

Rui Tavares defende que a Esquerda deve fazer uma reflexão “grande, mas não longa” na sequência dos resultados eleitorais das legislativas de domingo e alerta para a possibilidade de um cenário idêntico nas autárquicas.

“Podemos acordar no dia seguinte [às eleições autárquicas] com um mapa político inteiramente mudado.”

Em entrevista à SIC Notícias apela, por isso, à união para “derrotar a extrema-direita” e revela mesmo que vai pedir conversas com os líderes de Esquerda nesse sentido.

Recorde-se que o Livre foi o único partido à Esquerda a crescer nestas legislativas e, sobre o que faltou aos restantes, Rui Tavares aponta três questões:

“À Esquerda faltaram essencialmente três coisas: um discurso que reivindica liberdade; (...) a Esquerda deixou que o Estado se resumisse a ser regulador ou caritativo; (...) e revelou pouco pragmatismo”.

Destaca que o Livre centrou o seu programa em propostas universais e defende que é preciso fazer face à “enorme desconfiança social” e às “grandes fraturas” que assolam a sociedade.

“Temos obrigação de unir o país e o Livre vai fazer isso dentro e fora do Parlamento”, garantiu.

Os alertas contra a revisão constitucional

Questionado sobre a maioria de dois terços que a Direita conquistou e que permite, por isso, avançar com uma revisão constitucional, lembra que, anteriormente, quaisquer revisões foram feitas com o consenso “pelo menos do centro-direita e centro-esquerda”.

Espera, por isso, que o primeiro-ministro assuma uma de duas posturas: ou dizer que não foi tema de campanha e que não faz sentido nesta legislatura; ou dizer que a AD não votará a favor sem um consenso mais alargado.

“É uma maneira de acalmar o país e não deixar que o regime esteja a ir muito de repente para uma espécie de abismo com o qual as pessoas não contaram”, defende.

Sobre a votação do Programa de Governo, sublinha que o Livre “é oposição à AD” e “não serve para dar a mão à AD”. Garante que o partido fará um debate sobre a moção de rejeição já apresentada pelo PCP, mas afirma que o tema “não é prioritário”.

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