Uma antiga residência de estudantes de Odemira foi transformada num espaço de ajuda à integração de imigrantes. Promete ser um ponto de encontro para as mais de 80 nacionalidades que coexistem no território.
O chá já estava ao lume, ainda o centro não tinha aberto as portas. Foi assim que a comunidade nepalesa quis receber os primeiros visitantes da Casa Bowing. É neste espaço que todos vão poder aprender línguas, explorar talentos e partilhar culturas.
“O tema principal é a integração. As pessoas sentem-se isoladas, sentem-se sós. Aqui, têm a oportunidade de se abrirem”, afirma Rajendra Shiwakoti, mediador cultural nepalês.
"Mundo já não é o que era, está em movimento"
“O mundo já não é o que era. É um mundo em movimento”, Madalena Vitorino, da cooperativa “Lavrar o Mar”, responsável pelo projeto Bowing. “Este centro vai tratar, através da arte, a ideia da junção entre povos diferentes.”
Um dos objetivos da cooperativa é incentivar os migrantes a experimentarem ofícios como a culinária, a costura e até a carpintaria, através de ateliês semanais.
Gurpreet Singh, por exemplo, deixou o trabalho de motorista na Índia para tentar a sorte em Portugal. Encontrou emprego nas estufas, mas era temporário. Entretanto, conheceu o Bowing e tornou-se tradutor. Agora, abraça o projeto para mostrar à comunidade estrangeira que existem mais caminhos para lá da agricultura.
“Esse trabalho dura apenas dois ou três meses. Graças a este projeto, podemos tirar vários cursos e aperfeiçoarmo-nos”, afirma.
As portas da Casa Bowing vão estar abertas todas as terças e quintas-feiras e, pelo menos, um domingo por mês, com atividades para portugueses e estrangeiros. É uma iniciativa da cooperativa "Lavrar o Mar" e tem o apoio da Fundação Gulbenkian, da Direção-Geral das Artes e da Câmara Municipal de Odemira.