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Nuno Wahnon Martins é o português detido no caso das suspeitas de corrupção no Parlamento Europeu

Um português foi detido na operação que está a investigar um alegado esquema de corrupção no Parlamento Europeu. As autoridades belgas acreditam que há eurodeputados subornados pela chinesa Huawei.

João Maldonado

Susana Frexes

Bruno Andrade

Paulo Gamito

Nuno Wahnon Martins é consultor em assuntos europeus, com carreira em Bruxelas e está inscrito no registo de transparência do Parlamento Europeu, o que lhe garante acesso às instituições. Foi assessor de um eurodeputado italiano do PPE - a maior família política de centro-direita.

O consultor português foi esta quinta-feira detido em França e terá agora de ser extraditado para a Bélgica para ser ouvido pelo juiz de instrução, que tem em mãos o processo de alegada corrupção a envolver o Parlamento Europeu e a Huawei.

Fonte do Ministério Público belga explica que o processo de extradição pode levar entre 10 dias, se o suspeito não levantar obstáculos, e 40 dias. A partir do momento em que entra na Bélgica, Nuno Wahnon Martinstem 48 horas para ser ouvido e conhecer as medidas de coação.

Em Portugal, as autoridades belgas, em colaboração com a Polícia Judiciária e o Ministério Público, fizeram buscas a uma casa de Wahnon e a dois outros locais relacionados com o consultor.

Há suspeitas de que uma empresa sediada em Portugal esteja envolvida num esquema de corrupção para beneficiar na Europa a empresa chinesa Huawei.

O nome de Nuno Wahnon Martins surge ainda associado a um escritório de advogados em Lisboa. Contactada pela SIC, a Latin Legal Advisores afirma ter tido conhecimento da possibilidade do seu consultor externo ter sido visado, mas garante que o escritório não está relacionado com a investigação, nem foi alvo das buscas.

Na Bélgica, foram realizadas mais de 20 buscas, com suspeitos detidos para interrogatório. No Parlamento Europeu, dois gabinetes foram judicialmente selados esta quinta-feira: um pertence a um assistente de um outro eurodeputado italiano do PPE e o segundo é de um assistente de um eurodeputado da Bulgária pertencente à família dos liberais.

De acordo com o que a SIC apurou, as suspeitas podem estar relacionadas com o trabalho que estes assistentes fizeram para outros deputados no passado, já que Falcone e Minchev são novos no Parlamento.

Segundo a imprensa belga, estão a ser investigados 15 atuais e antigos eurodeputados.

É o segundo escândalo de corrupção a envolver eurodeputados nos últimos dois anos, depois do Qatargate. O Parlamento Europeu pouco comenta, mas garante que está disponível para colaborar com a investigação.

As autoridades acreditam que lobistas da chinesa Huawei possam ter subornado membros do Parlamento Europeu para benefício dos interesses comerciais da empresa.

Há suspeitas de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e de corrupção através de transferências monetárias e de ofertas de telemóveis e bilhetes para jogos de futebol.

O código de conduta dos eurodeputados é claro: qualquer presente oferecido num valor superior a 150 euros tem de ser declarado e inscrito publicamente no registo de ofertas.

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