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Piadas racistas, insultos e provocações: o que faz e diz o Chega quando os microfones estão desligados?

As queixas sobre insultos proferidos por deputados do Chega não são de agora. Quando os microfones estão desligados, ou nos corredores da Assembleia, os membros do partido de André Ventura farão piadas racistas, provocações, ruídos de animais à passagem de outros deputados, e ataques misóginos.

Fernanda de Oliveira Ribeiro

Vanda Paixão

Os insultos serão dirigidos a vários deputados, mas as mulheres parecem ser o alvo fácil do Chega dentro do Parlamento. Isabel Moreira, do PS, não calou a indignação.

“Já ouvi coisas como ‘vaca’, mugidos, e nomes que chamam a deputadas assumidamente lésbicas que não vou repetir em voz alta”, afirma.

Em maio do ano passado, em entrevista na SIC Notícias, a deputada socialista Romualda Fernandes revelou um episódio racista de que foi alvo.

"Consigo identificar o deputado que me dirigiu essas ofensas. Quando abro a porta [da sala das Comissões], em pleno dia, olha para mim e diz-me "Boa noite". Eu tomei aquilo como uma ofensa e percebi do que se estava a tratar pelo tom, pela forma jocosa como o disse. [O deputado] prosseguiu rindo-se."

Isabel Moreira diz que as ofensas são proferidas com microfones desligados ou nos corredores do Parlamento, para que nunca fique registado.

André Ventura nega as acusações

“Estas queixinhas constantes… bom, o ambiente no Parlamento é a expressão do que os portugueses quiseram, é a fúria que os portugueses têm contra o sistema.”

Em abril de 2023, Edite Estrela substituiu Santos Silva e protagonizou uma discussão acesa com deputados do Chega. Na rede social X, Isabel Moreira acusa Rita Matias de, no âmbito desta altercação, ter chamado “senil” a Edite Estrela.

Também aquando da participação do Presidente brasileiro Lula da Silva na sessão comemorativa do 25 de Abril, os deputados do Chega empunharam cartazes ofensivos e bateram nas mesas. O comportamento foi criticado pelo então presidente da Assembleia da República.

“Os senhores deputados que querem permanecer na sessão plenária têm de se comportar com cortesia e educação que é exigida a qualquer representante do povo português.”

Estes não são casos únicos, mas o mais recente a gerar indignação aconteceu esta quinta-feira no plenário.

O episódio mais recente

O Chega e o PS envolveram-se numa troca de acusações com pedidos para defesa da honra de parte a parte. Tudo porque a deputada Diva Ribeiro disse que Ana Sofia Antunes só fala sobre temas que incluem deficiências.

“É curioso também que a deputada Ana Antunes só consiga intervir em assuntos que envolvem, infelizmente, a deficiência.”

Marina Gonçalves, vice-presidente da bancada socialista e antiga ministra da Habitação no Governo de António Costa, considera que o que aconteceu no Parlamento “foi uma ofensa à honra da bancada parlamentar, que tem deputados sérios, que todos os dias trabalham em prol das populações, que não vêm para aqui fazer acusações”.

Joana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, acrescentou que a bancada do Chega diz outras coisas “em off” que considera “bullying” a Ana Sofia Antunes.

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