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Rodolfo Lohrmann, um dos reclusos de Vale de Judeus, recusa extradição para Portugal

Rodolfo Lohrmann, um dos dois reclusos que fugiu de Vale de Judeus foi capturado na quinta-feira, em Alicante, Espanha. É um dos criminosos mais procurados da Argentina, e já tinha até fugido de uma prisão na Bulgária. Foi condenado por crimes de associação criminosa, furto, roubo, falsas declarações e branqueamento de capitais.

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SIC Notícias

O argentino Rodolfo Lohrman, um dos fugitivos da prisão de Vale de Judeus capturado em Espanha, opõe-se à extradição para Portugal, indicou este domingo à Lusa o seu advogado, defendendo a entrega do seu cliente às autoridades da Argentina.

A oposição à extradição para Portugal consta da ata, a que Lusa teve acesso, da audiência realizada na sexta-feira pelo Tribunal Central de Instrução de Madrid, através de videoconferência com o Tribunal de Instrução de Alicante (local onde foi detido), em que se refere que o arguido Rodolfo Lohrman "afirmou a sua oposição à entrega solicitada" por parte das autoridades judiciárias de Portugal.

Contactado este domingo pela agência Lusa, o advogado Lopes Guerreiro confirmou que o seu cliente Rodolfo Lohrman se opôs à extradição para Portugal, defendendo que seja extraditado para o seu país de origem, Argentina.

"Por ser essa a vontade que o meu cliente já manifestou, em 2020, a Portugal, e a própria Argentina, no pedido de transferência para a Argentina, e assim cumprir lá o resto da pena a que foi condenado em Portugal", explicou o advogado Lopes Guerreiro.

Na sexta-feira, Rodolfo Lohrman foi presente a um juiz em Madrid, onde ficará em prisão preventiva à espera de uma decisão sobre o pedido de extradição para Portugal.

Lohrmann é um dos criminosos mais procurados da Argentina, e já tinha até fugido de uma prisão na Bulgária. Foi condenado por crimes de associação criminosa, furto, roubo, falsas declarações e branqueamento de capitais.

O outro fugitivo de Vale de Judeus também detido na quinta-feira em Espanha, Mark Roscaleer, será levado este domingo à Audiência Nacional, segundo disseram na sexta-feira o diretor nacional da Polícia Judiciária portuguesa, Luís Neves, e o diretor-geral da Polícia Nacional de Espanha, Francisco Pardo Piqueras, numa conferência de imprensa em Madrid.

Detidos em Alicante

Rodolfo Lohrman, cidadão argentino de 59 anos, e Mark Roscaleer, britânico de 36, foram detidos na quinta-feira em Alicante, no sudeste de Espanha, ao abrigo de um mandado de detenção europeu emitido por Portugal, um instrumento jurídico que é agilizado mais rapidamente do que outros mandados de detenção internacionais, explicou Luís Neves.

Os últimos dois dos cinco evadidos da prisão de Vale de Judeus, em 7 de setembro de 2024, foram recapturados em Alicante, pela Polícia Nacional de Espanha, "depois de um persistente e ininterrupto trabalho de recolha e de troca de informação" entre a PJ e as autoridades espanholas, anunciou na quinta-feira PJ.

No vídeo, é possível ver um dos homens a caminhar tranquilamente. Pouco depois, chega um carro de onde saem três polícias que o imobilizam de imediato no chão. Imediatamente atrás vem outro carro descaracterizado da polícia, de onde saem mais polícias para apanharem o segundo homem, dentro do edifício.

O vídeo termina com os dois fugitivos no chão, algemados.

Todos os cinco foram capturados

O primeiro fugitivo a ser apanhado, um mês após a fuga, foi o português Fábio Loureiro, que foi encontrado em Marrocos. Está condenado pelos crimes de rapto, tráfico de estupefacientes, associação criminosa, roubo à mão armada e evasão.

O segundo a ser detido foi o também português Fernando Ribeiro, capturado em Trás-os-Montes, no final de novembro. Está referenciado pela prática de criminalidade violenta e organizada, envolvendo crimes de associação criminosa, homicídio, rapto, roubo à mão armada, tráfico de estupefacientes e detenção de arma proibida, refere o comunicado.

Shergili Farjiani foi o terceiro do grupo a ser capturado pela Polícia Judiciária. Foi apanhado em dezembro em Itália.

A cronologia da fuga

Entre o momento em que começou a fuga dos reclusos e a altura em que os guardas prisionais deram por ela, passaram-se 65 minutos. Já o tempo que demorou para que fosse avisada a polícia criminal competente – neste caso, a GNR – foi superior: 83 minutos.

  • às 9h55: começa a operação de fuga dos cinco, "com a intrusão de três indivíduos" no perímetro externo da cadeia;
  • às 9h57: começa a evasão dos reclusos;
  • às 10h01: o último recluso em fuga ultrapassa a vedação exterior da cadeia;
  • às 11h00: a fuga é detetada por dois guardas;
  • entre as 11h04 e as 11h08: o alerta é dado a toda a corporação;
  • às 11h10: o diretor da cadeia de Vale de Judeus é informado;
  • às 11h18: é dado o alerta à GNR;
  • às 11h19: é informada a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais;
  • às 12h00: o diretor da cadeia confirma à Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais a identidade dos cinco reclusos;
  • às 12h30: os serviços centrais e a ministra são informados da fuga.

Com Lusa.

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