As alterações do Governo à lei dos solos entram em vigor esta quarta-feira. Na véspera, Hernâni Dias demitiu-se do cargo de secretário de Estado por alegado conflito de interesses. Na sexta-feira, a RTP noticiou que este criou duas empresas que podem vir a beneficiar com a nova lei dos solos, sendo que é governante do ministério que tutela essas alterações.
Em entrevista à SIC Notícias, Isaltino Morais fala num "exagero" ao associar-se a lei dos solos à criação de empresas imobiliárias como terá feito Hernâni Dias.
"Só por ingenuidade é que alguém que desempenha funções governativas cria uma empresa nestas condições. Era preciso ter uma resistência psicológica extraordinária para aguentar esta pressão", sublinha.
O presidente da Câmara Municipal de Oeiras critica os partidos da oposição que pediram a revogação da lei e considera que não passam de "pretextos".
"Quem pede a revogação da lei na realidade não quer habitação pública, quer que as pessoas continuem na pobreza, quer que não haja casas para a classe média-baixa, quer que não haja renda apoiada", acrescenta.
João Almeida do CDS considera que Hernâni Dias foi "exemplar" e elogia o pedido de demissão por parte do governante para proteger o Governo de Luís Montenegro.
"Eu acho que o secretário de Estado Hernâni Dias foi exemplar na forma como retirou para si as consequências e protegeu o Governo de qualquer impacto que isto pudesse ter", referiu.