Para José Gomes Ferreira a a saída de Hernâni Dias demorou "um tempo político demasiado excessivo". Até porque "se este não fosse entendido como um caso grave", o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "tinha uma maneira de amenizar a situação e dizer qualquer coisa como 'deixem as investigações ter o seu tempo'", o que não fez.
"Quando ele [Marcelo] diz que é um assunto que o primeiro-ministro tem de resolver, ou o próprio a tirar ilações, acabou por ditar a gravidade do assunto."
Num cenário em que esta decisão não tivesse acontecido, José Gomes Ferreira diz que discussão na especialidade da lei dos Solos estaria contaminada por este caso.
“Poderá ficar relativamente esvaziado, mas aparecerá sempre na discussão.”
O caso que levou à demissão
Na sexta-feira, a RTP noticiou que Hernâni Dias criou duas empresas que podem vir a beneficiar com a nova lei dos solos, sendo que é secretário de Estado do ministério que tutela essas alterações.
Uma semana antes, o mesmo canal de televisão avançou que Hernâni Dias estava a ser investigado pela Procuradoria Europeia e era suspeito de ter recebido contrapartidas quando foi autarca de Bragança.
Na terça-feira da semana passada, num comunicado enviado à agência Lusa, Hernâni Dias recusou ter cometido qualquer ilegalidade, afirmando que está "de consciência absolutamente tranquila" e que agiu "com total transparência".