O projeto da central fotovoltaica da Torre Bela, situado entre as freguesias de Manique do Intendente e Alcoentre, na Azambuja, tem sido criticado por diferentes associações ambientalistas. Ainda que tenha sido aprovado pela Agência Portuguesa do Ambiente, as associações queixam-se do seu impacto ambiental, que já levou ao corte de centenas de árvores.
Em 2021, o manto verde da florestação era evidente, tendo sido substituído por mais de 600 mil painéis fotovoltaicos. Para além do corte de centenas de árvores, entre elas 500 sobreiros, a intervenção impactou milhares de espécies de animais, como avança o jornal Expresso.
“Foi uma alteração brutal. Os animais estão habituados aquilo que é a floresta e não aquilo que é ferro. Por muito que tenham deixado zonas mortas, sem painéis solares, torna-se sempre muito complicado existir uma adaptação por parte dos animais”, disse Diogo Cordeiro, da Associação Portuguesa de Apoio e Proteção da Floresta.
A corrida aos grandes projetos solares para atingir as metas carbónicas propostas para 2030 já fez o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas autorizar o abate de mais de 17 mil árvores.
“Do cumprimento das metas carbónicas não resulta a perda de biodiversidade, aliás, uma das principais vítimas das alterações climáticas, é precisamente a biodiversidade”, garantiu o Ministério do Ambiente.
A associação ZERO considera que em nenhum casos os impactos ambientais deviam ser ignorados e critica o governo por falta de implementação de um plano estratégico.
Ainda que reconheça a importância das grandes centrais, a associação defende uma descentralização da produção de energia.
A Neoen Portugal, promotora do projeto da Torre Bela, que vai entrar em funcionamento no próximo ano, garantiu à SIC o cumprimento das medidas ambientais previstas e a criação de uma área protegida de montado para a preservação da biodiversidade.