O Estado já fechou o acordo com os privados e as misericórdias que vão otimizar a ida de doentes para cirurgias e consultas de especialidade. É uma das medidas previstas no Plano de Emergência e Transformação na Saúde, apresentado em maio pelo Governo, e que tem ainda por pôr em prática medidas que já deviam estar concluídas desde o final de agosto.
Quando apresentou o plano, no final de maio, a ministra pediu tempo para conseguirfazer mexidas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) - mas acabou por ser ela própria a impor metasa algumas das medidas.
Das 54 medidas que compõem o plano de emergência e transformação, aquelas que são consideradas urgentes deviam ter resultados apresentados até 31 de agosto; as consideradas prioritárias deveriam estar prontas até ao final deste ano e aquelas tidas como estruturantes a médio-longo prazo.
Acontece que passaram dois meses e meio desde o prazo que o próprio Governo colocoue,das 15 medidas urgentes, só 10 estão concluídas. Há quatro medidas ainda em curso e uma que não terá sequer saído do papel - a requalificação dos espaços dos serviços de urgência geral e psiquiátrica.
Das 24 medidas prioritárias que têm de estar fechadas até ao final do ano, apenas sete estão, de facto, fechadas. Há 17 em curso.
A médio-longo prazo estão previstas 15 medidas, a maior parte está em andamento.
Ao que a SIC apurou, até ao final do ano vai ser publicada a portaria que define a forma como será otimizado o apoio dos privados e das misericórdias em cirurgias e consultas de doentes do SNS. É o que falta fazer, depois de os acordos terem sido fechados.
Administradores hospitalares dizem que medidas não vêm a tempo do 'pico'
Os administradores hospitalares esperavam ver no plano como prioridade máxima as mexidas nos serviços de obstetrícia, para pôr fim às crises e medidas para melhorar o acesso dos doentes ao SNS. Mas o tempo que dizem ser preciso para implementá-las faz com que muitas delas não cheguem a tempo do pico nas urgências, que se aproxima.
“Não tenho ilusões, as medidas demoram tempo”, comenta Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares.
“Grande parte destas medidas que poderiam ter impacto na resposta, quer em termos de acesso ao serviço de urgência, como no acesso aos cuidados programados, já não vêm a tempo de ter algumimpacto neste inverno”, constata.
Os administradores hospitalares defendem ainda que se deve rever as tarefas dentro dos serviços, dando mais autonomia aos enfermeiros, e libertar os médicos para as consultas e cirurgias.