Mário e Fernanda Neto perderam, na última segunda-feira, o pai e o sogro, respetivamente. A meio da tarde o homem de 90 anos que vivia na casa em frente sentiu-se indisposto.
A nora começou por ligar para o 112 e, quando foi atendida, ficou em espera mais de oito minutos. Desistiu e tentou a Linha SNS 24, depois para os bombeiros, mas apenas à segunda conseguiu que fosse enviado socorro.
"Voltei a ligar para os bombeiros e disse-lhes: 'Olhe, ou vocês vêm ou o senhor acaba por morrer'. Desde a primeira chamada até ao momento em que chegaram foram cerca de 45 a 50 minutos. Se tivessem vindo logo, tinham-no socorrido", revelou Fernanda Neto, nora da vítima.
A pouco mais de cinco quilómetros, noutra povoação, exatamente no mesmo dia, também as dificuldades em contactar a linha de emergência e obter socorro terminaram com a morte de um homem de 53 anos.
No telemóvel de Fernanda está o registo das tentativas e do tempo que demoraram as ligações até que finalmente chegou uma ambulância. Iniciadas as tentativas de reanimação foi ainda preciso esperar mais quase uma hora pela viatura médica de emergência.
"É uma revolta enorme, não se admite. Ainda hoje tenho memória de ouvir a voz dele aos gritos, coitadinho", lamentou Fernanda Neto.