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Centro de radioterapia em Viseu? Uma década de promessas não cumpridas

Há dez anos que o centro de radioterapia do hospital de Viseu é prometido, mas os doentes continuam a ser obrigados a viajar para Coimbra, a quase 100 quilómetros de distância. O projeto enfrenta constantes atrasos, apesar da indignação da população.

Frederico Correia

Frederico Pinto

Há dez anos que está prometido o centro de radioterapia do hospital de Viseu. Os doentes com cancro são obrigados a fazer os tratamentos em Coimbra, a quase 100 quilómetros de distância.

Fernando Guerra foi mais uma vez a caminho de Cabanas de Viriato, em Carregal do Sal, até ao IPO de Coimbra. No último ano, já perdeu a conta das viagens, mas não se esquece do que passa nesses dias.

"Quando saímos de um tratamento daqueles, nós só queremos chegar a casa o mais rápido possível, mas passar essas horas todo no caminho é um bocado complicado", contou, à SIC o utente do IPO de Coimbra.

Os doentes oncológicos são transportados em grupo. No caso dos utentes da região de Viseu, são encaminhados para Coimbra ou Vila Real quando o tratamento passa pela radioterapia.

O tormento destes doentes podia ser menor, caso o prometido centro de radioterapia de Viseu fosse uma realidade e deixasse de ser apenas um anúncio político com quase uma década e, nos últimos anos, uma arma de arremesso entre candidatos autarcas, deputados, governos e antigos governantes.

"É conhecido por todos como importante e urgente, mas a verdade é que temos vindo a assistir ao longo destes anos avanços e recuos contantes por parte de varridíssimos governos, mas acreditamos que desta vez possa surgir mais do que promessas", disse, à SIC, Carla Pedro, da Liga de Amigos e Voluntariado do CHTV.

Esses avanços e recuos começaram em 2016, com uma promessa ainda não cumprida. O povo chegou a sair à rua em 2020, empunhando cartazes e levantando a voz contra quem prometeu e quem não cumpriu. Já lá vão três governos e três conselhos de administração. O atual em funções disse à SIC que "a empreitada de construção do Centro de Ambulatório e Radioterapia de Viseu já foi objeto de procedimento concursal, aberto em setembro de 2022 ao abrigo de aviso do PT 2020, tendo sido anulado por deficiências das peças processuais."

A questão agora é em ponto de situação estamos, afinal? E a resposta é que que "encontra-se na fase de avaliação de propostas pelo júri, estando previsto na proposta de Orçamento de Estado para 2025", disse a ULS de Viseu Dão-Lafões.

Atualmente, o hospital de dia em Viseu recebe apenas doentes a fazer quimioterapia. Um espaço improvisado, num serviço dividido por dois pisos, a solução possível numa unidade hospitalar com mais de 20 anos, projetada numa altura em que a doença era menos conhecida e os tratamentos mais centralizados.

O centro de ambulatório e radioterapia de Viseu deverá custar 30 milhões de euros, financiados em dois anos, até 2026. Pelo menos, é esse o plano atual.

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