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"Não atendiam a chamada": de Norte a Sul do país aumenta o número de mortes por falta de resposta do INEM

Há mais duas mortes associadas ao atraso do INEM no envio de meios de socorro. São agora sete no total, no espaço de apenas uma semana.

SIC Notícias

Sentiu-se mal enquanto pedalava e já caído na berma da estrada, mas ainda com forças pediu socorro a quem passava. Começa aqui a odisseia desesperada de quatro pessoas para tentar chamar o INEM e salvar a vida de um homem com 77 anos.

"Não atendiam a chamada. Ninguém atendia pelo que me consta. Depois passou um casal de estrangeiros, que também tentou do telefone deles e não conseguiram nada. Houve uma terceira pessoa que passou então, que se lembrou de telefonar para os bombeiros", disse uma testemunha à SIC.
"Ligaram eles, aí já conseguiram, não sei como, acionar o 112 para vir", acrescentou outra testemunha.

Era urgente e enquanto do 112 só se ouvia silêncio, a vítima entrou em paragem cardiorrespiratória. Uma hora e 40 minutos à espera de pedir socorro, segundo as contas da família, mas os números avançados à SIC pelo CODU são diferentes e apontam para meia hora de espera até à chegada da ambulância.

Certo é que o homem acabou por morrer, já nas urgências do Hospital de Vila Real de Santo António. A filha promete avançar com uma queixa-crime. Este caso no sul do país, em Cacela Velha, junta-se a outras seis mortes suspeitas no espaço de uma semana, desde o início da greve.

Sete casos em apenas uma semana

Vendas Novas, Bragança, Almada, Tondela, Castelo de Vide e Ansião. Sete casos no total associados ao atraso do INEM no envio de meios de socorro. No Alentejo, um homem com 73 anos terá morrido sem assistência médica. O INEM só terá atendido e acionado a VMER, cerca de 40 minutos depois do primeiro pedido de socorro após o aviso dos bombeiros.

"Solicitámos um pedido de triagem para o CODU, em virtude do mesmo estar a demorar muito tempo e não estarmos a conseguir ter contacto. Acabou por ser acionada a ambulância, enquanto ainda estava a decorrer esse pedido de triagem", disse Rúben Filipe dos Bombeiros Voluntários de Vendas Novas.

Em Bragança, mais uma família inconformada por ter visto morrer o mais velho, com 86 anos, sem assistência depois de, garante, cerca de uma hora de tentativas de contacto. Indignada com a demora na resposta da emergência pré-hospitalar exige agora responsabilidades.

O INEM já respondeu e admite que não tinha funcionários suficientes para atender o elevado volume de chamadas. Circunstâncias que também estarão na origem das outras mortes já sinalizadas em Almada, Castelo de Vide, Tondela e Ansião.

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