Um tubarão de profundidade nasceu em cativeiro na ilha do Faial, nos Açores.
O ovo foi encontrado e recolhido a 827 metros de profundidade no banco princesa Alice no ano passado durante uma missão oceanográfica, partilhada entre a equipa do grupo de investigação do mar profundo dos Açores e a organização americana OceanX.
"Num desses mergulhos vimos pela primeira vez os ovos associados a um coral e ficámos curiosos por saber se seriam ovos de tubarão ou não então recolhemos os ovos", começou por explicar Marina Carreiro, investigadora do Instituto Okeanos da Universidade dos Açores.
Tudo aconteceu em setembro de 2023. Os ovos recolhidos estiveram num aquário ainda a bordo do oceanexplorer e quando chegaram a terra foram transferidos para os laboratórios de mar profundo na ilha do Faial.
Um do ovos não tinha embrião, mas o outro sim. Sendo que dez meses depois, com câmaras de infravermelhos registou-se o nascimento do tubarão Pata-roxa da Islândia.
"É um tubarão de profundidade que sabemos que vive a mais de 800 metros de profundidade e é um tubarão considerado raro nos Açores. Desde que temos campanhas de pesca, ou seja desde 1995, apanhámos apenas dois indivíduos adultos", explicou Diana Catarino também investigadora do Instituto Okeanos da Universidade dos Açores.
"Foi a primeira vez que conseguimos trazer um ovo de tubarão e mantê-lo vivo durante 10 meses. É uma coisa rara", garantiu Marina Carreiro.
O pequeno tubarão de 10 centímetros de comprimento acabou por não resistir, morreu menos de 24 horas depois, mas deixou já muita informação para a ciência.
"A informação que conseguimos obter vai ser bastante importante para conseguir perceber esta espécie da qual não se sabia quase nada", garantiu Diana Catarino.
O tubarão foi agora preservado e vai ser sujeito ainda a algumas análises genéticas para que se conheça melhor esta espécie do mar profundo.