Luís Bernardo, ex-assessor de José Sócrates enquanto primeiro-ministro e mais tarde diretor de comunicação do Benfica, é o principal alvo de uma megaoperação de buscas da Polícia Judiciária (PJ) esta quinta-feira.
A informação foi avançada pela CNN e entretanto confirmada pela SIC.
Luís Bernardo é suspeito de crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, prevaricação, participação económica em negócio e abuso de poderes, ocorridos entre 2020 e 2024.
Em análise está a forma como a empresa Wonder Level Partners (WLP), de Luís Bernardo, ganha contratos para liderar a comunicação de entidades públicas por ajuste direto ou consulta prévia, sendo que um dos casos em investigação diz respeito ao Tribunal Constitucional.
As autoridades acreditam num esquema de criação de aparência fictícia de legalidade, que envolve não só a empresa de Luís Bernardo como a First Five Consulting, do amigo João Tocha, a Remarkable, de um sócio de Tocha, e a Sentinelcriterion, de um sobrinho de Luís Bernardo.
Segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal(DCIAP), as buscas foram realizadas em residências da região de Lisboa e em sedes de várias empresas comerciais e públicas, bem como em instalações “de uma universidade, de municípios, de uma freguesia de Lisboa, de serviços municipalizados, de empresas municipais e da secretária-geral do Ministério da Administração Interna”.
De acordo com o comunicado da PJ enviado às redações, foram executados 34 mandados de busca e apreensão, nomeadamente, 10 buscas domiciliárias, 13 não domiciliárias em organismos públicos e 11 buscas não domiciliárias em empresas nas zonas de Lisboa, Oeiras, Mafra, Amadora, Alcácer do Sal, Seixal, Ourique, Portalegre, Sintra e Sesimbra.
"As diligências realizadas visam consolidar a indiciação de que, às empresas referenciadas pela investigação, terão sido adjudicados contratos, por ajuste direto ou por consulta prévia, em clara violação das regras aplicáveis à contratação pública, designadamente, dos princípios da concorrência e da prossecução do interesse público, causando elevado prejuízo ao erário público", pode ler-se no comunicado.
A operação denominada "Concerto", coordenada pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC), conta com a participação de cerca de 150 elementos da PJ, além de oito procuradores do Ministério Público.
"No âmbito de inquérito dirigido pelo DCIAP, investigam-se factos suscetíveis de enquadrar a prática dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, prevaricação, participação económica em negócio, abuso de poderes (titulares de cargos políticos) e abuso de poder (regime geral)", referiu o órgão de polícia criminal na nota divulgada.