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30 anos de amizade e milhões numa offshore no Panamá: como era a relação de Manuel Pinho e Ricardo Salgado?

Manuel Pinho e Ricardo Salgado mantinham uma relação profissional e de amizade há mais de 30 anos. A investigação do caso EDP concluiu que o antigo ministro da Economia e a mulher receberam do banqueiro, perto de cinco milhões de euros, que escondiam numa offshore no Panamá. Em troca, Manuel Pinho favorecia o Banco Espírito Santo (BES) em grandes negócios.

SIC Notícias

O antigo ministro da Economia, Manuel Pinho, e o antigo banqueiro, Ricardo Salgado, mantinham uma relação profissional e de amizade há mais de 30 anos. Manuel Pinho entrou para a administração do Banco Espírito Santo (BES) em 1994 e rapidamente se tornou amigo do seu patrão, na altura, Ricardo Salgado. Uma ligação entre ambos que viria a durar décadas, mesmo depois de Manuel Pinho abandonar o BES para se tornar ministro da Economia no Governo de José Sócrates, em 2005.

A investigação ao caso EDP, acabou por provar que a lealdade de Manuel Pinho se manteve nas mãos de Ricardo Salgado. Todos os meses, o então ministro da Economia recebia 15 mil euros para favorecer o BES enquanto estava no Governo - mais do triplo do salário de recebia como governante.

O agente infiltrado que só foi descoberto anos mais tarde

A investigação descreve Manuel Pinho como um "verdadeiro agente infiltrado" do Banco Espírito Santo no Governo. Até sair do executivo, em 2009, o governante atribuiu o estatuto de projeto de potencial interesse nacional, a negócios como a construção de empreendimentos de luxo na Comporta e na Herdade do Pinheirinho, em Grândola.

Na altura, Manuel Pinho tomou a decisão inédita de revogar uma posição de autoridade da concorrência para permitir que a Brisa reforçasse a sua participação na autoestradas do Atlântico - o grupo dono da Brisa era um dos principais devedores do BES.

Pagamentos mensais de Salgado a Manuel Pinho e à mulher

Com apenas dois meses de Governo, Manuel Pinho recebeu, de uma só vez, meio milhão de euros além do valor que já recebia mensalmente.

Enquanto o marido fez parte do Governo, também a sua mulher teve direito a um pagamento mensal por parte de Ricardo Salgado - sete mil por mês enquanto se assumia curadora de fotografia do BES.

Para que as elevadas quantias de dinheiro pagas por Salgado não levantassem suspeitas, Manuel Pinho e a mulher criaram uma sociedade 'offshore' no Panamá e que permitiu ao casal esconder cerca de cinco milhões de euros recebidos de forma ilegal. O dinheiro só foi declarado com o processo judicial já em curso.

Processo EDP deu origem ao caso

Este caso nasceu do mega processo EDP, onde se investigou as chamadas "rendas excessivas da energias". O inquérito principal começou há mais de 12 anos mas só este mês deverá ser conhecida a acusação.

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